(David Sá Barros * )
O mais emblemático símbolo do caos social e abandono a que está submetida a maioria da população maranhense ficou notório durante dias seguidos nas longas e humilhantes filas que varam dia, noite e madrugada a dentro, bem ali na Rua do Sol, no centro da capital São Luís. Os heróis da resistência, ao final de horas resignadas e de sono ao relento sobre colchas de papelão, recebem míseros R$ 15,00 para um mês, a título de bolsa-escola.
No país dos contrastes cada vez mais evidentes, os chamados incluídos da sociedade não fazem a menor idéia da dramática realidade dos excluídos que os cercam. Os incluídos circulam pela cidade em automóveis apenas nas principais avenidas e vias asfaltadas e assim só conhecem de forma difusa e superficialmente o cotidiano da periferia paupérrima. Enxergam os excluídos com preconceito e muito medo porque somente lêem nos jornais e assistem na TV notícias de mortes e violência nos bairros miseráveis da cidade.
Os incluídos nada sabem sobre a penúria de vida e da difícil luta pela sobrevivência dos que moram na Vila Sarney, Vila Sarney Filho, Vila Roseana Sarney, Vila Kiola, Vila Lobão, Vila Nice Lobão, Vila Mauro Fecury, Vila Cafeteira, Vila Isabel Cafeteira, Vila Janaína, Vila Luizão, Vila Embratel, Vila Nova, Vila Tropical, Vila Itamar, Vila Cascavel, Vila Flamengo, Vila Operária, Cidade Olímpica, Fumacê, Sol e Mar, Sítio do Itapiracó, Coroadinho, Sá Viana, palafitas (da Camboa, da Alemanha e da Vila Palmeira), etc. Observem aí o contraste que consiste em alguns desses vários aglomerados urbanos adotarem a denominação de seus próprios algozes.
Dizem que uma imagem vale por mil palavras. É verdade, então, que as filas do programa bolsa-escola são o retrato vivo da miséria em qualquer canto. E o que é pior, desgraçadamente os excluídos somente são reconhecidos como cidadãos e tratados precariamente decente no período eleitoral, quando os vorazes vermes devoradores do dinheiro público precisam de votos para se perpetuarem como dinastias no poder. Claude Lévy Strauss que o diga. Mas é só você querer que a realidade muda em outubro com a revolução pacífica e democrática do voto. Pense nisso.
David Sá Barros, Secretário Geral do Sindicato dos Bancários do Maranhão