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[Por Sheila Jacob] A última Festa Literária de Paraty (FLIP), realizada entre os dias 26 e 30 de julho, já está sendo considerada a “FLIP da diversidade”. Com a corajosa curadoria de Josélia Aguiar, foi a edição com o maior número de mulheres entre os convidados. Outra inovação foi o artista homenageado: Lima Barreto, escritor que não teve o merecido reconhecimento em seu tempo por ser negro, alcoólatra e de periferia. A denúncia da perpetuação das desigualdades e das exclusões esteve presente em praticamente todas as mesas. Muitos que lá estavam se emocionaram, assim como Lázaro Ramos, com o depoimento de Diva Guimarães. Essa professora, negra, enfrentou a timidez, pegou o microfone e contou sobre o preconceito que sofreu na infância, tornando-se a sensação da festa.

O clima foi tão interessante que resolvemos escolher alguns livros para indicar. Comecemos pela nova biografia de Lima Barreto escrita por Lilia Schwarcz, intitulada “Triste visionário”. Também indicamos o livro “Na minha pele”, de Lázaro Ramos, que deu o tom do encontro. E “Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis”, de Jarid Arraes.

Outras dicas preciosas são os livros de Scholastique Mukasonda, a ruandesa que sobreviveu ao genocídio em seu país. Ela lançou, no Brasil, “Nossa senhora do Nilo” e “A mulher dos pés descalços”. Maria Valéria Rezende, a freira que enfrentou a ditadura e salvou os escritos de Frei Betto, também publicou “Outros cantos” e o elogiadíssimo “O voo da Guará vermelha”. A jornalista Pilar del Rio organizou a publicação de “Com o mar por meio: uma amizade em cartas”, que registra correspondências trocadas entre Jorge Amado e José Saramago. Por fim, a brasileira Conceição Evaristo, grande homenageada na mesa de encerramento, registrou suas escrevivências em obras como “Insubmissas lágrimas de mulheres”, “Ponciá Vicêncio”, “Becos da memória” e “Olhos d’água”.

Quem não pôde estar presente pode conferir as mesas no canal da FLIP no youtube: https://www.youtube.com/user/flipfestaliteraria.