Quando você lê jornais sem verificar as datas fica surpreso de quantas cenas se repetem ou quantas coisas se esquecem.
[Por Regis Moraes] Agora pouco, quando Obama concluiu seu governo, vários jornais, do imperial New York Times à provincial Folha de São Paulo, fizeram a inevitável matéria sobre o “legado” do moço. E repicavam uma idéia esquisita: Sucesso de Obama, “a economia”; fracasso, desemprego, pobreza, desigualdade. Não é engraçado? Desemprego, pobreza e desigualdade não são “a economia”. O que é “a economia”? Indices Dow Jones, Nasdaq, lucro dos bancos e bônus dos seus executivos. O resto – os desempregados, os pobres, os “perdedores” ficam fora da foto. Daí… esse “resto” desistiu de votar na candidata do cara que recuperou “a economia”, através do sucateamento desses “restos”.
Esse é um exemplo dos esquecimentos e dos nomes trocados. Mas recolhi um outro, mais antigo, que bate nessa tecla. Mas, se você lê de novo logo percebe que as atualizações precisam ser refeitas continuamente. Veja só:
“A política externa dos EUA algumas vezes parece inspirada nas regras da liga de beisebol: na American League temos o batedor selecionado; e nosso governo inventou o inimigo selecionado, que é o temporário mas sempre exclusivo foco de sua indignaçäo moral. A delegaçäo líbia na ONU desfruta da paz de nossas ruas, Daniel Ortega é um turista bem vindo, e nossos jornalistas jantam amigavelmente com o embaixador iraniano. O que säo hoje os monstros de ontem, a näo ser trastes esquecidos nos poröes de uma América que só pode pensar em um monstro de cada vez?” (Murrai Kempton, “Um caso de amnésia”, New York Review of Books. 14/2/991).
Viu a data? Pois é, mudou de novo…