[Laurindo Leal] Com a honrosa exceção de Samuel Wainer não vejo em nenhum outro empresário da mídia motivos para elogios. Todos eles sempre foram os vocalizadores dos interesses patronais. No caso do falecido diretor da Folha de S.Paulo a abertura para idéias progressistas nos anos 1980 e o apoio às diretas-já foram apenas opções mercadológicas para enfrentar o seu concorrente conservador. Não havia nenhum compromisso ideológico tanto é que, conquistada a liderança no mercado, o jornal bandeou-se para uma linha de apoio incondicional ao neoliberalismo. Pouco antes do golpe de 2016 publicou editorial na primeira página que é um primor na defesa do desmonte do Estado e no ataque às conquistas dos trabalhadores. Resume a tal “ponte para o futuro” adotada posteriormente pelos golpistas. Tanto é que foi um dos propagandistas do golpe chegando a publicar repetidamente, na forma de serviços, os locais, as datas e os horários onde aconteceriam manifestações, como se fossem as atrações da semana, tal qual o cinema ou o futebol. Com Lula o antagonismo era pessoal. O famoso almoço em que perguntou como Lula queria ser presidente sem falar inglês nunca lhe saiu da memória. Testemunhas contam que ao se dirigir para o elevador, interrompendo o almoço diante de tanta mediocridade, Lula foi alcançado pelo Frias pai que se desculpou e pediu que retornasse à mesa. Em seguida mudou o filho de posição colocando-o longe do então candidato a presidente. Uma humilhação jamais perdoada, respondida com uma oposição sistemática aos governos petistas. Que o digam as capas com pedalinhos em Atibaia ou com a ficha policial falsa da Dilma.