[Por Ana Lúcia Vaz] Vivemos tempos que exigem uma boa dose de silêncio. Silêncio para abrir os olhos e ouvidos. Silêncio para ver além das polarizações fáceis a que nosso debate política tem se limitado. Ninguém é imparcial, mas vislumbrar um olhar de outro lugar, diferente do nosso, é um exercício desafiador e mais necessário que nunca, nesses dias de gritaria desesperada e surda. Perceber minha incapacidade de ver além das próprias paixões me tem feito silenciar. Mas a “crise” Bebbiano me instigou. Porque mesmo torcendo contra quase todas as propostas do governo Bolsonaro, não dá pra não enxergar que tem armação por trás da publicação dos áudios de whatsapp. Jogo de cena pra orquestrar a desmoralização do presidente. Como fizeram com Lula. A única pauta importante era a corrupção do PT. Agora será a incompetência e o laranjal da família Bolsonaro.
Corrupção? Nem Lula nem Dilma apanharam, nem Bolsonaro está apanhando, pelos erros que cometeram. Quem se importa com corrupção sou eu. Para as grandes empresas, incluídas as de comunicação, corrupção é só o rabo preso que eles podem puxar quando lhes interessa. Afinal, se existem corruptos no Estado, existem corruptores no mercado.
Não dá para entrar no jogo. A eleição acabou. O que importa agora: Paulo Guedes privatizando Petrobras, Caixa Econômica etc, reforma da previdência para acabar com nossa aposentadoria… Bolsonaro e seus filhos são apenas fogo de artifício para nos manter discutindo abobrinhas. Serviram bem ao propósito de “tirar o PT do poder”. Agora podem ser descartados. Ao que parece serão. Mas não temos nada a comemorar.
Só uma pergunta: Sério que o presidente resolve tensões políticas por whatsapp?!?! Tipo centro acadêmico inexperiente?! O presidente eleito pelas redes dirige o governo pela rede… Faz sentido!