Na segunda-feira, 26 de agosto, perdemos Reginaldo Moraes, um grande camarada. Ele era professor aposentado do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp desde 2011, e morreu perto de completar 69 anos. Ainda orientava diversos trabalhos de pós-graduação em ciência política. Muitos deles preocupados em analisar as mudanças no mundo do trabalho e apresentar alternativas para a superação das desigualdades. Regis, como era conhecido, foi um importante apoiador e colaborador do NPC. Foi uma importante referência para os nossos trabalhos, sempre consultado e presente em todas as atividades do Núcleo. Quem participou das últimas edições do Curso Anual do NPC ou do lançamento da Teia de Comunicação Popular certamente se lembra de sua presença e de suas contribuições sempre valiosas.
Reginaldo Moraes também era especialista em Estados Unidos. Pesquisou principalmente sobre a educação superior naquele país e os riscos de seguirmos um modelo privatista e voltado aos interesses do mercado. Ele foi um dos principais críticos às ideias neoliberais e aos seus impactos no Brasil e no mundo. Pela Fundação Perseu Abramo, publicou, em 2017, “Capitalismo, classe trabalhadora e luta política no início do século 21”. Seu próximo livro, “Os ricos e poderosos”, já estava em processo de edição.
Régis, como era conhecido pelos amigos, vinha fazendo análises cuidadosas de conjuntura, as quais publicava semanalmente no Jornal da Unicamp. Sempre procurou desenvolver uma linguagem clara e objetiva, mesmo quando tratava de temas mais difíceis e complexos. Circulava muito facilmente entre a academia e os movimentos populares e era dono de uma imensa generosidade, compartilhando o conhecimento fruto de sua carreira de professor e intelectual nos espaços de militância que frequentava. Ao mesmo tempo, tinha uma escuta também sempre atenta, valorizando os espaços de troca da sala de aula, dos debates e conversas. Ensinava e aprendia, num esforço permanente de diálogo, tão raro nesses tempos.
Sua disposição para mudar o mundo vem de longe. Nos anos de 1970, foi militante clandestino contra a ditadura. Naquele tempo, conheceu Vito Giannotti, fundador do NPC, de quem nunca se separou.
Reginaldo Moraes foi um homem que lutou até o fim. Fica a saudade, mas também seu exemplo e sua inspiração.