[Por Sérgio Domingues] Os que se opõem ao fascismo precisam ter clareza sobre seu inimigo e de como combatê-lo. Esta é a base para qualquer teoria sobre o fascismo. As palavras acima estão em “Fascism: Theory and Practice”, do marxista inglês Dave Renton. O livro é de 1999. Naquele momento, dizia o autor, o fascismo não era “uma ameaça imediata”, mas voltava a fazer parte do cenário político contemporâneo.
Citando a historiografia predominante na época, Renton descreve um “novo consenso”, no qual se destacam, primeiro, a ideia de que o fascismo seria um fenômeno histórico restrito a uma determinada época.
Em segundo lugar, o fascismo era caracterizado como um “autêntico movimento revolucionário”. Uma ideologia que desafiava o capitalismo liberal e democrático. Ora, o marxismo também contesta o capitalismo liberal e democrático. Portanto, fascismo e marxismo não seriam ideologias opostas. E este é um terceiro elemento dessa historiografia muito suspeita.
Tal caracterização só não explica porque o tal fascismo “histórico” ascendeu ao poder na Itália e na Alemanha com apoio exatamente de “capitalistas liberais e democráticos”.
Nem esclarece porque o primeiro campo de concentração começou a funcionar em março de 1933, na Alemanha, tendo como prisioneiros apenas comunistas.
O fato é que os fascistas sempre consideraram os comunistas seus principais inimigos. E os comunistas sempre formaram o maior polo de resistência ao fascismo.
Não é possível lutar contra o fascismo sem entendê-lo. Mas para nós, comunistas, não há como entendê-lo sem dar-lhe combate.
Entrando na terceira década do século 21, o fascismo já é uma ameaça imediata. A obra de Renton pode nos ajudar no imprescindível combate a ele.