Com as assembleias concluídas em todas as bases do Sistema Petrobrás, os petroleiros retornam ao trabalho nesta sexta-feira, 21, após 20 dias de uma greve que já é considerada o mais importante movimento de resistência da classe trabalhadora brasileira nessas últimas duas décadas. De cabeça erguida, punho cerrado de quem seguirá na luta, do lado certo da história, petroleiros e petroleiras voltam a trabalhar, de olho nos próximos embates.
Durante a greve, a categoria conseguiu suspender as demissões na Fafen-PR, revertendo também as que já haviam sido aplicadas contra 144 trabalhadores. Além disso, a greve forçou a gestão da Petrobrás a negociar com a Comissão da FUP, que participa nesta sexta, 21, da primeira reunião com a empresa, com mediação do TST e acompanhamento do Ministério Público do Trabalho.
No sábado, a FUP e seus sindicatos voltam a se reunir para avaliar os resultados da negociação e discutir os próximos passos do enfrentamento aos ataques da gestão Castello Branco contra os trabalhadores. A greve está temporariamente suspensa e voltará a ser chamada, se não houver avanços no atendimento da pauta da categoria. A luta é contínua e permanente.
Petroleiros apontaram o caminho: luta e resistência
A greve dos petroleiros despertou um movimento de solidariedade em todo o país e também fora do Brasil, com apoio de centrais e confederações sindicais, inclusive internacionais; intelectuais estrangeiros, como o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos; entidades da sociedade civil, juristas, partidos políticos das mais diversas matizes no campo progressista, estudantes, trabalhadores de várias categorias, movimentos sociais e organizações populares.
Diversas manifestações públicas foram realizadas pelo país afora, em defesa da luta dos petroleiros. Ontem à noite, houve novos atos na Avenida Paulista, em São Paulo, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, em frente à sede da Petrobrás, onde os dirigentes sindicais que integram a Comissão Permanente de Negociação da FUP foram recebidos por trabalhadores e movimentos sociais ao deixarem o prédio da empresa, onde permaneceram 21 dias, dentro de uma sala de reunião no andar do RH, buscando interlocução com a gestão.
“Para além da campanha de desinformação, fake news e mentiras propagadas para defender a política de privatização e entrega do patrimônio nacional pelo atual governo e seus apoiadores na grande imprensa, nos tribunais e no sistema político, a greve nacional dos petroleiros é um marco na nossa história, é uma greve a favor do Brasil e dos brasileiros. E será o caminhar dos acontecimentos relacionados à greve dos petroleiros que nos mostrará os caminhos de luta para garantir os nossos direitos e o nosso futuro enquanto país livre e soberano”, declarou o professor de direito da USP, Gilberto Bercovici, em artigo recente.
“Hoje os petroleiros estão no meio de um processo nacional. A greve dos petroleiros é a primeira grande vitória da classe trabalhadora desde 2016. Vocês conseguiram quebrar um pedaço do casco desse navio fascista, ditatorial, que se implantou no Brasil, abrindo uma brecha para conquistas futuras”, afirma Frei Sergio Gōrgen, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e autor do livro ‘Nas trincheiras da Resistência Camponesa’.
“Essa luta dos petroleiros é muito maior do que propriamente uma luta dos petroleiros. Ela é uma síntese da aspiração de todo o povo brasileiro, porque os petroleiros estão defendendo a soberania nacional, estão defendendo uma empresa que é estratégica para o desenvolvimento do Brasil e tem sido demolida a interesses estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos, é uma luta para que o nível de desemprego não aumente”, destaca Francisco Celso Calmon, coordenador do Fórum Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo.