[Por Altair Freitas] O Brasil é o segundo país do mundo com mais assinantes da Netflix, que já tem mais de 200 milhões de clientes fixos. No entanto, é um dos países com menor investimento da operadora de streaming para produções nacionais. Perdemos de longe para países como Coréia do Sul, Noruega, Finlândia, Dinamarca, França, Espanha, Polônia, Rússia, Índia e, óbvio, EUA. Isso acontece porque no nosso liberalismo tacanho, empresas estrangeiras entram e fazem o que querem. Nos países citados existe toda uma regulamentação a ser cumprida pela Netflix. Uma delas diz respeito à obrigatoriedade de produzir filmes que ajudem a projetar a produção cultural desses países pelo mundo. Não é à toa que temos grandes produções sul coreanas, por exemplo, sendo consumidas em escala global. É um projeto político de Estado. O filme mais polêmico da temporada, Não Olhe Pra Cima, por exemplo, não é uma obra financiada exclusivamente pelo capital privado, pois contou com incentivos fiscais (dinheiro público, portanto), de dois países, EUA e Canadá, no equivalente deles à nossa Lei Rouanet, tão odiada pelos idiotas bolsonaristas. No liberalismo imbecil que essa gente defende, nossa produção cultural sofre uma barbaridade para se manter e nossa projeção internacional desaba vergonhosamente. Mas a Netflix faz a festa sem contrapartidas. (Texto publicado por León Diniz em seu perfil do Facebook)