Há 152 anos, na alvorada de 18 de março, Paris foi despertada pelo grito: Vive la commune!
Deixemos os próprios revolucionários explicar o que acontecia, através do manifesto divulgado no mesmo dia pelo comité central da Comuna: “Os proletários da capital, diante das fraquezas e das traições das classes governantes, compreenderam que chegara para eles a hora de salvar a situação assumindo a direção dos assuntos públicos… O proletariado compreendeu que era seu dever imperioso e seu direito absoluto tomar nas suas mãos o seu próprio destino e assegurar o triunfo apoderando-se do poder”. Considerada como a primeira revolução proletária da história, o primeiro ato da Comuna foi decretar a supressão do exército permanente e a sua substituição pelo povo em armas.
Os revolucionários se recusaram a reconhecer o governo resultante da Assembleia Nacional Constituinte, eleita por sufrágio masculino nas regiões do território francês não ocupadas pelos prussianos e fundaram na comuna (municipalidade) de Paris um governo libertário.
Esse poder comunal era baseado na democracia direta, na Educação universal e gratuita e na subordinação do Estado ao poder popular, com funcionários públicos, os magistrados e os juízes sendo eleitos, responsáveis e revogáveis. Além disso, como conta Engels em sua Introdução à guerra civil em França, uma vez abolidos o exército permanente e a polícia, instrumentos de coerção física do antigo regime, objectivo seguinte foi suprimir o instrumento espiritual da opressão, com a dissolução e a expropriação de todas as igrejas e os padres passariam a viver das esmolas dos fiéis, à semelhança dos seus predecessores, os apóstolos.
A Comuna de Paris resistiu durante 72 dias aos mais brutais ataques tanto do próprio governo francês — então instalado em Versalhes — quanto dos prussianos que invadiram a França, até ser vencida na “Semana Sangrenta” de 21 a 28 de maio de 1871, quando mais de 25 mil pessoas foram mortas pelo Exército Francês.
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“A Paris operária, com a sua Comuna, será para sempre celebrada como a gloriosa precursora de uma sociedade nova. A recordação dos seus mártires conserva-se piedosamente no grande coração da classe operária. Quanto aos seus exterminadores, a História já os pregou a um pelourinho eterno, e todas as orações dos seus padres não conseguirão resgatá-los”.
Karl Marx (Guerra Civil em França – 30 de Maio de 1871)