No documentário — mais do que nunca atual, diga-se de passagem — produzido pelo Instituto Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas (IIEP), o padre e professor da UFRJ Ricardo Rezende fala de mais um escândalo em que a Volkswagen do Brasil é protagonista: a subsidiária brasileira da montadora alemã está sendo investigada em inquérito do Ministério Público do Trabalho (MPT), acusada de patrocinar trabalho escravo na fazenda Vale do Rio Cristalino, de 140 mil hectares, que possuía no estado do Pará durante as décadas de 1970 e 1980. O documentário do IIEP faz parte da série Empresas e Patrões Cúmplices da Ditadura, que expõe as violações de direitos pela aliança empresarial-militar que governou o país de 1964 a 1988.

A documentação contra a Volkswagen foi colhida pelo padre Ricardo Rezende, durante os 20 anos em que viveu na Diocese de Conceição do Araguaia, no Sul do Pará, trabalhando na Comissão Pastoral da Terra (CPT). Hoje ele é professor e coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Trabalho Escravo Contemporâneo (GPTEC) da UFRJ. O seu arquivo tem mais de 700 depoimentos de vítimas desta forma de exploração.

Foto: Enio Brauns

No último episódio do caso, no dia 29 de março, em audiência com o Ministério Público do Trabalho, para discutir a reparação às vítimas do trabalho escravo e outras violações dos direitos humanos ocorridos em sua fazenda, a Volkswagen se retirou da mesa de negociação, afirmando que não tem mais interesse em firmar acordo com o órgão. Em nota, a empresa lamenta que o MPT a tenha notificado das investigações somente três anos após seu início e afirma rejeitar todas as alegações nos registros da investigação sobre a Fazenda Vale do Rio Cristalino e que não concorda com as declarações de fatos apresentadas por terceiros.

Esta é a segunda vez em que a empresa alemã responde na Justiça por cumplicidade com a ditadura: em 2020, a Volkswagen firmou um termo de ajustamento de conduta se comprometendo a pagar R$ 36 milhões para encerrar três inquéritos que apuram perseguição política a seus funcionários e colaboração com órgãos de repressão do Estado durante a ditadura. Assista ao vídeo:

Leia também a respeito do caso:

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https://www.prt2.mpt.mp.br/1069-nota-a-imprensa-2

Tortura, nunca mais!

Nos 59 anos do golpe militar de 1964, conteúdos sobre o período ditatorial.

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Fonte: 📳 EBC na Rede