NPC entrevistou os Kléber William de Souza e Gildásio José Ribeiro, respectivamente, presidente e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Timóteo (MG), e Giselle Dornelas dos Santos, da assessoria de imprensa, para o Boletim NPC 69.
Na Radiografia desta edição, o NPC entrevistou os companheiros Kléber William de Souza e Gildásio José Ribeiro, respectivamente, presidente e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Timóteo (MG), e Giselle Dornelas dos Santos, da assessoria de imprensa. O sindicato, o Metasita, como é mais conhecido, representa os trabalhadores da Acesita e de empreiteiras metalúrgicas de Timóteo e de Coronel Fabriciano.
Timóteo, junto com as cidades de Ipatinga, João Monlevade e outras, faz parte do “Vale do Aço”, região mineira conhecida pela concentração de indústrias de transformação de minério de ferro em aço.
Nesta entrevista vamos conhecer um pouco a comunicação dos companheiros do Metasita. A boa novidade é o lançamento do site do sindicato (www.metasita.org.br), que traz muitas informações importantes sobre a categoria e também sobre as histórias de luta dos trabalhadores daquela região. Uma dessas histórias é o relato minucioso do que ficou conhecido como “Massacre de Ipatinga”. Trabalhadores da siderúrgica Usiminas, que estavam se organizando contra as péssimas condições de trabalho, fazem assembléia no dia 6 de outubro de 1963. Eles foram brutalmente espancados pela polícia. A história completa você confere no site do Metasita.
Rosângela Gil – Quais os instrumentos de comunicação utilizados pelo Metasita?
Giselle Dornelas – Boletins, carro de som, rádios, jornais regionais. E agora o site.
Rosângela Gil – Desde quando é publicado o boletim “Sem Censura”?
Giselle Dornelas – Desde 7 de abril de 1988.
Rosângela Gil – Como são definidos os assuntos do boletim? O trabalhador tem como influir ou indicar assuntos para o informativo?
Gildásio José Ribeiro – Os assuntos dos boletins são definidos a partir das informações recebidas pelos diretores dentro da fábrica. No caso das pequenas e médias empresas, as informações são colhidas nas portarias das empresas. Tem ainda as informações e denúncias que chegam via internet, pelo correio, telefone e pelos diretores.
Rosângela Gil – Qual é a tiragem e a forma de distribuição do boletim?
Kléber William – São oito mil boletins toda semana. Eles são distribuídos de mão em mão, pela diretoria do Sindicato, nas portarias das fábricas.
Rosângela Gil – Por que ainda o formato boletim, tamanho ofício e frente e verso?
Kléber William – Em caso de pauta de reivindicação ou algum assunto específico que exige uma diagramação mais leve os informativos são trabalhados em formato A3. Mas normalmente os boletins são de tamanho ofício em função do custo. O Sindicato adqüiriu uma copiadora que nos permite rapidez nas informações. E nesse formato o trabalhador lê mais rápido, praticamente quando ele chega ao local de trabalho ele já leu o boletim. Já está informado sobre as lutas, as convocações.
Rosângela Gil – Qual é a estrutura da comunicação do Metasita?
Gildásio José Ribeiro – Existe dentro da direção executiva do Sindicato uma pasta responsável pela área de comunicação e assuntos tecnológicos. Tem uma assessora de imprensa, contratos assinados com rádios locais com inserção diária e espaço em jornais locais também.
Rosângela Gil – O Metasita está lançando a sua página na internet. Houve boa acolhida por parte da categoria?
Giselle Dornelas – Sim. Surpreendeu e superou a nossa expectativa.
Rosângela Gil – A comunicação sindical está mais fácil ou difícil hoje, depois de tantos anos de neoliberalismo, que significaram, principalmente, desemprego e corte de direitos?
Gildásio José Ribeiro – Está mais difícil, principalmente porque o movimento sindical não consegue pôr em prática todo o aprendizado adqüirido nesta área, além de não dar a devida importância à comunicação. Somos uma região predominantemente industrial com cerca de 34 sindicatos cutistas e até hoje não conseguimos uniformizar nossas ações no que tange à disputa da hegemonia com o capital aqui instalado na região.
Rosângela Gil – O Sindicato dos Metalúrgicos de Timóteo é semp
re presença obrigatória nos cursos de comunicação do NPC, participa desde o primeiro curso que, neste ano, vai para a sua décima primeira edição. Por que?
Kléber William – Apesar das deficiências e dificuldades de implementação sempre nos pautamos pela importância de conscientizar, principalmente a direção, de que somente seremos efetivamente representantes de uma classe a partir do momento em que estivermos inseridos em um processo onde a necessidade de atualização seja constante no nosso dia-a-dia. Entendemos a comunicação como papel fundamental em todo esse processo. Por isso sempre estamos no curso do NPC.