Por Eustáquio Gomes, abril de 2004

Faleceu na tarde do dia 4 de abril, em São Paulo, aos 77 anos, o sociólogo Octavio Ianni. Professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ianni era considerado um dos pais da moderna sociologia brasileira. Estava internado no Hospital Albert Einsntein. Nas últimas semanas, mesmo doente, continuava freqüentando sua sala no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), na Unicamp.

Nascido em Itu em 1926, Octavio Ianni era professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) e foi também professor visitante da Universidade de Colúmbia, em Nova York. Em 1969 foi aposentado compulsoriamente e teve seus direitos políticos cassados pelo governo militar, com base no AI-5. Foi um dos fundadores do Cebrap e passou a exercer atividades docentes no exterior. Em 1977, de volta ao país, tornou-se professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Na década de 50, Ianni fez parte, com Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso, do grupo de sociólogos que participou de uma pesquisa sobre relações raciais no Brasil cujo resultado obrigou a uma profunda revisão do conhecimento sociológico da realidade étnica brasileira. Nos anos 60, foi um ponto de referência para toda uma geração de novos cientistas sociais. Especializou-se ainda na análise do populismo, do imperialismo e mais recentemente do globalismo.

Na década de 90, morto Florestan e Fernando Henrique eleito presidente, Ianni continuou sua trajetória intelectual sem interrupção, voltando seu interesse para os cenários da virada do século 21, tendo sempre como eixo o Brasil. Tornou-se um severo crítico do globalismo e um dos pontos de apoio da esquerda que ainda postulava um projeto nacional de desenvolvimento.

Suas principais obras são: Cor e mobilidade social em Florianópolis (1960, em colaboração); Homem e sociedade (1961); Metamorfoses do escravo (1962); Industrialização e desenvolvimento social no Brasil (1963); Política e revolução social no Brasil (1965); Estado e capitalismo no Brasil (1965); O colapso do populismo no Brasil (l968); A formação do Estado populista na América Latina (1975); Imperialismo e cultura (1976); Escravidão e racismo (1978); A ditadura do grande capital (1981; Revolução e cultura (1983); Classe e nação (1986); Dialética e capitalismo (1987); Ensaios de sociologia da cultura (1991); a sociedade global (1992).

Octavio Ianni será velado na Câmara Municipal de Itu, cidade onde será sepultado hoje.