Aconteceu no dia 30/8, o debate A imprensa operária e sindical no Brasil, que recebeu o escritor Vito Giannotti, o professor do Departamento de Jornalismo José Arbex Jr. e o professor da Comfil e diretor da APROPUC Erson Martins. O evento também era de lançamento do livro A história das lutas dos trabalhadores no Brasil, de Vito.
O livro, segundo o autor, tem como idéia central o questionamento da índole cordial brasileira,interpretado como se o trabalhador brasileiro não fizesse lutas. Alguns exemplos foram dados, para mostrar como a história contada no ensino básico não inclui o lado dos muitos trabalhadores protagonistas da construção social do país.
Outro ponto destacado e incentivado por Vito no seu Núcleo Paratininga de Comunicação (www.piratininga.org.br), é a construção dos meios de comunicação dos próprios trabalhadores. “Nós não devemos mendigar espaço na mídia burguesa”, disse ele, argumentando que em nada adianta conseguir um pequeno espaço, se todos os dias os jornais fazem uma “campanha” pelas privatizações e na defesa do neoliberalismo.
Depois de dar uma breve pincelada sobre a construção de meios de comunicação em conjunto com a luta operária, o escritor questionou o motivo de não existir um jornal diário dos trabalhadores no Brasil.
O professor e jornalista da Caros Amigos, José Arbex Jr., elogiou em primeiro lugar o fato do livro não colocar a palavra “redemocratização” para representar o período pós-ditadura militar, já que, segundo ele, não existe e nunca existiu democracia no Brasil.“É uma falcatrua, uma virtualidade, um simulacro de democracia”, incentivada pelos grandes meios de comunicação. “Enquanto houver burguesia, não vai haver democracia no Brasil”, resume ele.
Arbex observou também que as direções sindicais que poderiam ter impulsionado um jornal diário no Brasil hoje, foram cooptados pela burguesia. Ele acredita que nunca interessou às direções do PT, pois o jornal poderia aumentar o nível de autonomia e consciência dos trabalhadores.
O professor do Departamento de Artes, Erson Martins, indicou também a burocratização dos sindicatos como responsável pelo colaboracionismo que a imprensa operária brasileira adotou. Para ele, existe uma diferença entre a imprensa operária e a imprensa revolucionária, pois a primeira não tem mostrado um projeto estratégico revolucionário.