A coordenadora da Vive TV da Venezuela, Blanca Eekhout, falou no dia 20 de maio em atividade organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, no Rio de Janeiro, que o país lançará seu próprio satélite até o final do ano. O satélite já tem o nome Simón Bolívar e abrigará os sinais das emissoras públicas e comunitárias da Venezuela. Segundo Blanca, possivelmente outros países que solicitarem o serviço para meios de comunicação de caráter público também poderão utilizá-lo.
“Uma das nossas limitações no tema comunicacional é justamente que toda plataforma tecnológica está em mãos dos capitalistas, todos os nossos sinais dependem da Directv, que obviamente é um instrumento do império. Dependemos do espaço que nos dão a um preço elevadíssimo, e também dessa maneira não conseguimos uma integração da América Latina porque não há um espaço em mãos dos estados que possa ser colocado à disposição dos povos”, explicou Blanca.
Segundo a coordenadora da Vive TV, estudantes venezuelanos estão na China participando do desenvolvimento do satélite.
Os jornalistas não aparecem nas reportagens da Vive TV
“Na Vive TV os jornalistas não aparecem na tela, apenas os entrevistados, isso para dar protagonismo às pessoas”, disse Blanca Aguilar. Diante de uma platéia composta, sobretudo, por militantes do MST e comunicadores, ela afirmou que a comunicação precisa ser dialógica, horizontal, inclusiva e popular e são esses os valores que motivam os trabalhos da Vive TV.
Blanca contou sobre projetos desenvolvidos pela emissora como um programa feito por crianças de espaços populares, o 1, 2, 3 Gravando. Ela explicou que as crianças aprendem a manusear os equipamentos e são protagonistas de todo o processo de construção do programa.
A Vive TV surgiu em 2003 após o golpe contra o presidente Hugo Chávez orquestrado em grande medida por meios de comunicação comerciais da Venezuela. De acordo com a coordenadora da emissora, os meios de comunicação comerciais venezuelanos desqualificam permanentemente o povo, o estigmatizando e destruindo a possibilidade de identidade das pessoas.
“Não existe essa democracia representativa sem uma ditadura midiática”, comentou. A Venezuela tem feito, segundo Blanca, um esforço para democratizar a comunicação, de maneira a potencializar meios de comunicação comunitários e fortalecer TV’s públicas críticas e sem o controle do estado.
Ela salientou que a Vive TV está disposta a desenvolver projetos em conjunto com emissoras públicas de outros países.
“Precisamos construir uma comunicação liberadora e mudarmos esse modelo que aí está. É difícil porque estamos acostumados com esse modelo aparentemente bonito, feito nos estúdios, onde tudo dá certo. Temos que ver na TV os camponeses, os afrodescendentes e a mulher pobre”.