Indígenas participam do Fórum em Caracas. Foto de Henrique Parra
O tom da cobertura que O Globo viria a fazer do maior evento da esquerda mundial foi dado na edição do dia 23 de janeiro. Na véspera da abertura, o jornal trouxe uma matéria que deixa claro todo o seu mau humor com o Fórum Social Mundial. Os grandes temas da cobertura de O Globo foram o caos no trânsito, engarrafamento, calor, financiamento por parte do governo Chávez e a confusão geral.
Vejamos alguns trechos:
• Para complicar, pela primeira vez o espaço do evento será dividido em áreas diferentes da cidade anfitriã. Ainda devido ao viaduto, os participantes que estão em hotéis distantes do FSM terão de fazer percursos ainda mais longos. Isso numa cidade quente e abafada: venta pouco e chove menos ainda em Caracas.
• Não há garantia de que as coisas ocorram como planejadas. Um dos temores dos organizadores é de que o presidente Hugo Chávez ocupe espaço demais nos eventos.
• Ao contrário das edições anteriores em Porto Alegre e em Mumbai, na Índia, as atividades ocorrerão em vários locais. No entanto, o transporte entre os locais é só uma promessa dos organizadores. A idéia é distribuir passes gratuitos do metrô para os participantes.
• Outra dificuldade será conseguir retirar crachás e materiais do FSM. A própria programação do FSM não tinha sido distribuída até a última sexta-feira. Os organizadores adiaram as adesões para até a última hora e é esperada uma grande confusão nos locais de acesso.
Quem participou das edições brasileiras sabe que estas dificuldades não são um problema da Venezuela. Será que Caracas esteve mais quente do que Porto Alegre no ano passado? Há garantias de que as coisas aconteçam como planejadas em um evento com a participação de mais de 100 mil pessoas de praticamente todas as partes do mundo? Por acaso em eventos deste porte é possível não haver filas para retiradas de crachás e materiais? Será esta a primeira vez que a programação foi distribuída na última hora?
(Por Claudia Santiago)