A notícia é simples. A Fnac, rede de livrarias francesa, recém-chegada ao Brasil, tem três lojas em funcionamento (Rio, São Paulo, Campinas) no país. No mundo ela tem 90 lojas. Pois as três lojas do Brasil. Sozinhas, representam 10% do faturamento faz lojas da rede fora da França. Êta país bom: deus é mesmo brasileiro. O pequeno artigo do jornal O Globo, do dia 2 de maio, conclui que a Fenac está estudando a abertura de mais lojas no rio, São Paulo, Salvador, Brasília, entre outras cidades. Aqui acaba O Globo. E gostaria que o pensamento morresse aí. Mas, como não é proibido pensar, vejamos:
Estes simples dados escancaram toda a estrutura injusta do nosso país. Um país que tem 5.600 municípios, dos quais somente 900 possuem alguma livraria. Em 4.600 municípios não há sequer uma livraria. Um país que, entre os 194 países da ONU, está em 102º em leitura de jornais.
Pois nesse mesmo país, uma pequeníssima parcela da população que mora nos paraísos da Barra da Tijuca, no Rio ou em Pinheiros, em São Paulo, tem condições de comprar a rede de livraria Fenac inteira. Inteira não, somente 10%.Este é o escândalo: 87 lojas dão à Fnac 90% do seu faturamento. Somente três, no nosso país abençoadíssimo por Deus, dão 10%. E quantos compram livros no Brasil? O suficiente para três lojas dar 10% do faturamento das 90 lojas da Fnac mundo afora.
Este é o Brasil. O País que é o penúltimo em justiça social, ou melhor, em injustiça social. Ou dito de forma mais acadêmica e menos chocante: o penúltimo em distribuição de renda. Ou um pouquinho mais cruel: o segundo em pior distribuição de renda. (Vito Giannotti)