A frase acima serve de epígrafe ao livro O que resta da ditadura: a exceção brasileira, que será lançado em março pela Boitempo Editorial. Organizada por Edson Teles e Vladimir Safatle, a obra reúne uma série de ensaios que apresentam o legado deixado pelo regime militar na estrutura jurídica, nas práticas políticas, na literatura, na violência institucionalizada e em outras esferas da vida social brasileira. Fruto de um seminário realizado na Universidade de São Paulo (USP), em 2008, o livro reúne textos de escritores e intelectuais como Maria Rita Kehl, Jaime Ginzburg, Paulo Arantes e Ricardo Lísias. Por isso o livro ainda possui um caráter de resistência à lógica de negação difundida por aqueles que buscam hoje ocultar o passado ao abrandar, amenizar ou simplesmente esquecer este período da história brasileira.
Os artigos mostram, por exemplo, que as práticas de tortura em prisões brasileiras aumentaram em relação aos casos de tortura na ditadura militar; o Brasil é o único país sul-americano onde não houve justiça de transição e os torturadores nunca foram julgados; ouvimos, ainda, oficiais na ativa e na reserva fazerem elogios inacreditáveis à ditadura militar; 25 anos após o fim da ditadura convive-se ainda com o ocultamento de cadáveres dos que morreram nas mãos das Forças Armadas; e outros fatores enumerados.