[Por Maurício Campos-RJ] No ano que vem completam-se 50 anos, tanto da morte de Frantz Fanon, como da publicação de sua obra mais conhecida e difundida, Os Condenados da Terra. O livro foi escrito com a urgência de quem sabia que estava para morrer (estava com leucemia e sem chances de cura). Caribenho, médico, que se tornou guerrilheiro e estrategista na Argélia, só sua história pessoal já chama a atenção. Mas também foi um dos mais radicais e profundos pensadores pan-africanistas, anti-colonialistas e anti-imperialistas. Indo muito além da denúncia política ou mesmo econômica do colonialismo e do imperialismo, Fanon abordou também aspectos culturais e psicanalíticos do racismo e da opressão colonial. Como consequência deixou reflexões que são particularmente valiosas atualmente, quando a necessidade de manter a exploração capitalista ou fazer surgir novos tipos de dominação brutal diante das crises leva o núcleo dominante “euro-descendente” do mundo a reviver ou reformular estratégias típicas da era mais odiosa do colonialismo europeu. Basta ver Iraque, Haiti, Palestina, favelas etc.