Esta reportagem integra a campanha #CompartilheInformação #CompartilheDemocracia realizada pela Artigo 19 e PerifaConnection.

[Por Nice Lira] Que o cenário da política é excludente, todos nós sabemos. Mas além de não ter uma quantidade significativa de pessoas com deficiência exercendo mandato, a realidade ainda é capaz de anular a luta contra os direitos pois quem está lá dentro, em sua maioria, vota contra as leis que são criadas em prol dessa população.

Reprodução Facebook

Luciana Novaes, primeira mulher tetraplégica a ocupar um cargo na Câmara de Vereadores carioca, fala sobre isso com muita propriedade, pois, mesmo com algumas leis aprovadas, a regulamentação é sempre um processo demorado. Em entrevista para o Elas por Elas, em 03/12/2020, Luciana disse: “Uma pessoa com deficiência sabe os dramas e sofrimentos que atravessamos e, assim, pode ter um olhar mais apurado e humano para a questão. Desde que eu cheguei na Câmara de Vereadores, conversei com muitos colegas sobre a necessidade de mais acessibilidade e inclusão em nossa cidade e convenci muitos deles a votarem comigo em projetos importantes, como por exemplo na lei que obriga a prefeitura a disponibilizar intérpretes de libras em equipamentos públicos e a que garante atendimento psicológico para os familiares e responsáveis pela pessoa com deficiência”. Ela também acrescentou: “Minha primeira tarefa é pressionar para que as leis que aprovei em favor das pessoas com deficiência sejam realmente implementadas na cidade. Muitas leis como, a que estabelece a presença de intérpretes de libras nos equipamentos públicos, que citei agora pouco, foram aprovadas, sancionadas, mas ainda não estão regulamentadas pela prefeitura”.

Por conta disso, é importante ter pessoas com deficiência nas eleições. Só assim teremos uma política inclusiva e acessível de todas as formas. Em 2022, ainda não temos um país ou cidade totalmente acessível às Pessoas Com Deficiência (PCD) e está claro que poucos são os que se importam com essa situação. É de suma importância que pessoas com deficiência ocupem espaços de poder, pois assim como a Luciana citou, pode-se criar uma rede de apoio e luta.

O termo ‘política pública’ não pode ficar apenas na fala, é preciso pensar e colocar em prática políticas públicas para pessoas com deficiência. Essas pessoas existem e merecem respeito, ao invés de pena. São pessoas que querem fazer a diferença e tornar mais fácil a vida e seus acessos. O mínimo que qualquer pessoa precisa, é dignidade e o direito de ir e vir.

Foi só a partir da vitória de Luciana, no ano de 2016, que a infraestrutura da Câmara passou por modificações, tornando-se mais acessível não só para ela, mas para todos os PCDs. Essa é a importância da representatividade e queremos isso em todo o país.

Os PCDs precisam ter mais vozes nos círculos de poder. Isso é essencial para toda a sociedade em um país democrático. Enquanto isso não acontecer, a democracia será apenas uma palavra.