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[Por Sérgio Domingues] “A Grande Aposta”, de Adam McKay, é um filme sobre o estouro da bolha imobiliária americana em 2008. A produção é didática, dinâmica, bem-humorada e conta com a presença de atores famosos como Brad Pitt, Christian Bale, Ryan Gosling e Steve Carell.

Portanto, tem tudo para alcançar um público maior e fazer a denúncia de um dos maiores crimes da história econômica mundial. Trata-se do famoso estouro das “subprimes”, títulos podres do mercado imobiliário que se espalharam por toda a economia estadunidense e além.

O filme tem duas grandes qualidades. Primeiro, mostra que os corretores de Wall Street, nojentos como são, não passam de engrenagens de uma máquina ainda pior que eles. Em segundo lugar, deixa claro que a sujeira continuou muito além daquele trágico setembro, quase Oito anos atrás.

O fato é que nem toda essa crise foi suficiente para impedir que o sistema continuasse a produzir mais desigualdades. É o que mostra, por exemplo, o mais recente estudo da ONG britânica Oxfam, muito comentado na imprensa e redes virtuais.

O levantamento aponta que a riqueza de 1% da população do planeta pela primeira vez superou a dos outros 99%. Mas, além disso, o estudo descobriu que toda essa concentração de riqueza recebeu um novo impulso após 2009. Ou seja, logo depois da crise.

Esses dados mostram que a ideia de que as crises capitalistas funcionam como “choques de arrumação” é falsa. Ao contrário, cada abalo desses no sistema aumenta a injustiça social e o torna insustentável para a maior parte da humanidade.