Daniel Mello/Agência Brasil
A retomada dos trabalhos de identificação dos restos mortais exumados de uma vala clandestina no Cemitério de Perus, zona norte paulistana, será anunciada, oficialmente, na próxima quinta-feira (4). O ato, que acontecerá na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, lembra ainda os 24 anos da descoberta das ossadas, entre as quais devem estar vítimas da ditadura militar de 1964.
A análise do material encontrado no local será possível graças a um convênio entre a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Desde julho, uma equipe de pesquisadores tem feito uma compilação de informações escritas e audiovisuais para definir as possíveis vítimas enterradas na vala clandestina. Em seguida, será coletado material para elaboração do perfil genético das ossadas. A estimativa é que a lavagem, secagem, catalogação e triagem sejam conduzidas ao longo do próximo ano.
A vala clandestina de Perus foi descoberta em setembro de 1990 durante o governo da então prefeita Luiza Erundina. À época, a prefeitura determinou a apuração dos fatos e fez um convênio com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para a identificação das ossadas, mas o trabalho foi interrompido. Os ossos foram levados, em 2001, para o Cemitério do Araçá, onde estão guardados até hoje.
A demora para conclusão do trabalho de identificação foi questionada em uma ação civil pública de 2009, apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF). Acredita-se que, entre as ossadas, estejam os restos mortais de pelo menos 15 desaparecidos. No ano passado, após tentativa de acordo com a União, o MPF decidiu prosseguir com a ação.