Wolney Malafaia é professor de História do colégio Pedro II, fala sobre a experiência de dar aulas durante a pandemia
[Por Joseilton Soares Mendes, Marli Rodrigues da Silva e Camila Haddad de Marinho]
Vozes das Comunidades – Qual a dificuldade enfrentada pelas professoras e professores durante a pandemia no ensino?
Wolney – Foram muitas dificuldades. Destaco, no entanto, a dificuldade de adaptação ao novo ensino remoto, considerando que toda a aparelhagem para o desenvolvimento do mesmo era nossa e não tivemos qualquer auxílio nesse sentido. O mesmo posso dizer em relação à produção de material didático. Outra dificuldade foi constatar um bom percentual de estudantes que não tinham acesso às aulas on-line, e nada podíamos fazer em relação a isso.
Vozes das Comunidades – Como era a organização do professor e do aluno para as aulas online?
Wolney – Os estudantes só se manifestavam através de trabalhos. Muitos estavam presentes, mas fazendo outras atividades no decorrer das aulas, visto que não abriam suas câmeras, quase todos agiam assim. A maior dificuldade do professor era justamente a adequação do material didático para essas aulas e procurar apreender o máximo possível a atenção dos estudantes.
Vozes das Comunidades – Como a falta de aparelhos conectados à internet impactou no acesso dos alunos no ensino remoto?
Wolney – O acesso foi impossível para um bom percentual dos estudantes que não possuíssem os aparelhos para conexão ou que não tivessem acesso às redes para tal. Essas deficiências técnicas e sociais prejudicaram muito o aprendizado e acabou depreciando o nosso trabalho. O percentual de estudantes que não frequentavam as aulas foi da ordem entre 25% a 30%.
Vozes das Comunidades – Quais ou pontos positivos e os negativos do on-line e do presencial para o aprendizado do aluno?
Wolney – Como ponto positivo do on-line destaco a facilidade do contato, podendo ser utilizado como uma ferramenta de auxílio e suporte ao ensino presencial. Como ponto negativo destaco a dificuldade de acesso de muitos estudantes, as questões sociais preexistentes que dificultam a aquisição de aparelhos e assinatura de redes, a inadequação de muitos professores a esse novo tipo de aula e a inexistência de uma estrutura que possibilite um melhor desenvolvimento do nosso trabalho.
Como ponto positivo do presencial, destaco o contato direto com os estudantes, o que possibilita detectar suas dificuldades e procurar saná-las. Por outro lado, trata-se de uma forma de trabalho que está mais adequada às nossas necessidades atuais, com a qual já estamos acostumados. Como forma negativa, destaco a inadequação do presencial para períodos de crise, como essa última pandemia. Por isso, defendo que o ensino remoto seja desenvolvido de forma a servir como uma ferramenta de auxílio ao presencial e substituí-lo, em melhores condições do que foi feito, quando houver uma crise como essa pandemia.
Essa entrevista foi realizada durante por alunos do Curso de Comunicação Popular do NPC 2022 para o jornal Vozes das Comunidades.