Por Leonor Costa, de Porto Alegre, 29/1/2005
 

Ontem (28/1) foi um dia de muita emoção para milhares de pessoas que sonham com a construção de um mundo melhor. Há exatos dois anos, no dia 28 de janeiro de 2002, militantes de esquerda, ligados a vários movimentos organizados, lançaram, em Porto Alegre, no Fórum Social Mundial 2003, o jornal Brasil de Fato. Um jornal, considerado pelos seus idealizadores, como um novo instrumento de luta contra o capitalismo neoliberal, por meio de um veículo democrático, com espaço para as ações das lutas sociais.

A festa de comemoração, ontem, foi no mesmo local onde aconteceu o lançamento do jornal. O auditório Araújo Viana, no Parque da Redenção, ficou cheio de pessoas que foram prestigiar os “bravos lutadores” que trabalham ao longo desses dois anos para manter o projeto de um jornal verdadeiramente de esquerda. Um jornal que não faz acordos e alianças com grandes empresas, multinacionais e denuncia a ingerência dos organismos internacionais representados, especialmente, pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial. Por essas características, é um jornal sem recursos e que sobrevive com o trabalho de vários militantes. Para a maioria dos presentes ontem no auditório Araújo Viana, os dois anos de Brasil de Fato foi um grande motivo para comemorações.

Entre os convidados que subiram ao palco, estiveram os membros do Conselho Político do jornal e colaboradores, reunindo nomes como: Leonardo Bof, idealizador da Teologia da Libertação; Emir Sader, sociólogo e articulista de vários jornais de esquerda; Vito Gianotti, coordenador do Núcleo Piratininga da Comunicação; e a atriz e militante Letícia Sabatela. 

Para compor a mesa, foram convidados vários representantes da esquerda latino-americana e de outros continentes. Saudaram os dois anos do Brasil de Fato o coordenador-geral do MST e coordenador político do Brasil de Fato, João Pedro Stédile; a presidente da Associação das Mães da Praça de Maio, Hebe Bonafini; o presidente da Comissão Pastoral da Terra, Dom Tomás Balduíno; a médica e ativista da revolução cubana, Aleida Guevara; o ex-candidato a Prefeitura de Porto Alegre pelo Partido dos Trabalhadores, Raul Pont; o ativista paquistanês, Tariq Ali; o representante da Comunidade Palestina no Brasil, Hansan Maguti; o militante ligado à Igreja Católica, Plínio de Arruda Sampaio; e a ativista norte-americana contra a guerra e a política imperialista de George W. Bush, Medeia Benjamim. Alguns desses, estiveram na atividade de lançamento do jornal, em 2002.

Também foram saudados e subiram ao palco os jornalistas que compõem a equipe de redação do Brasil de Fato. O coordenador do MST, João Pedro Stédile, disse que os jornalistas são todos jovens, mas “bravos militantes”. Vários músicos cantaram canções que marcaram a luta da esquerda na América Latina, em especial nos embates contra as ditaduras no Brasil, Argentina e Chile.

Brasil de Fato é um instrumento para subsidiar a militância

Representante da luta de milhares de mulheres argentinas que perderam seus filhos na ditadura, Hebe de Bonafini, presidente da Associação das Mães da Praça de Maio, fez uma intervenção que foi uma das mais aplaudidas pelo público. Ela ressaltou a necessidade da elaboração de jornais como o Brasil de Fato não no Brasil, mas em toda a América Latina como instrumento de luta da classe trabalhadora. Sobre a situação da América Latina, Bonafini afirmou que a revolução será a única forma de libertar o continente da ingerência norte-americana. Como exemplo de resistência, ela citou a experiência da Venezuela, com o presidente Hugo Chávez que teve todas as suas vitórias referendadas pelo povo.

Outro momento de grande emoção na festa de aniversário do Brasil de Fato foi a saudação de Aleida Guevera, médica e ativista da revolução cubana. Aleida lembrou do lançamento do jornal há dois anos e disse que essa mesma data, 28 de janeiro, também é de grande importância para o povo cubano, pois se referia ao nascimento do líder revolucionário José Marti, em 1853. “Marti foi o idealizador da revolução cubana, um grande revolucionário e jornalista”, lembrou Aleida. Ao final, ela disse “creio que o jornal Brasil de Fato poderá ajudar a luta no nosso continente”.

João Pedro Stédile, que fechou a atividade, disse estar convencido que o jornal serve de instrumento para subsidiar a luta da classe trabalhadora. “O Brasil de Fato é um jornal que pode pregar o sonho do socialismo. E acredito que os trabalhadores só irão longe se tiverem seus próprios instrumentos de comunicação”, finalizou o líder do MST.

A comemoração dos dois anos do Brasil de Fato foi encerrada com o Hino da Internacional Comunista, cantados pela maioria dos presentes.
 

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