Conheci o Éton em 1981, quando eu ainda engatinhava no mundo das charges. Ele era chargista do Sindicato dos Bancários de São Paulo e possuía um enorme talento no desenho e arte-final. Ótimo caricaturista, ele dominava como ninguém o bico-de-pena, sendo capaz de desenvolver complexas perspectivas para ambientar seus personagens sindicaleiros. Estudioso dedicado, ele usava muitas referências em seu trabalho diário e lia muito. Lembro de sua mochila cheia de cópias de artigos de jornal, matérias de conjuntura política e econômica. Ele publicava charges, ilustrações e vinhetas na Folha Bancária, informativo diário do sindicato, além dos boletins específicos por banco (Ita-Unido, BradESCRAVO, entre outros). Fazia dezenas de trabalhos ao mesmo tempo, frilas para outros sindicatos (como Marceneiros, Condutores, etc.) e ainda se dedicava à pintura a óleo, que segundo ele, renderia mais reconhecimento financeiro no futuro.
Éton era um militante político de esquerda (tendo sido até preso no Dops – polícia política que torturou e matou inúmeros ativistas de esquerda), trabalhava nos Correios e foi demitido em uma greve da categoria, daí se dedicou às charges editoriais e ao cartum sindical.
(Por Bira Dantas, em 21/02/2007, publicado em www.bigorna.net)