Ato pelos 10 anos da Cachina do Borel. Foto: Henrique Zizo

Na sexta-feira, 28 de abril, a Rede de Comunidades Contra a Violência, o gabinete da vereadora Monica Cunha e o Núcleo Piratininga de Comunicação promovem ato na Câmara dos Vereadores do Rio pela passagem dos 20 anos da chacina do Borel. Em 16 de abril de 2003, em uma ação da PM, quatro jovens foram brutalmente assassinados na favela localizada na Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro.

O crime foi registrado na delegacia como auto de resistência, instrumento que historicamente contribuiu para a impunidade de agentes do Estado. Mas o sistema não contava com a mobilização dos familiares e dos movimentos sociais que marcharam exigindo justiça e conseguiram pressionar pelo indiciamento dos policiais envolvidos.

Desta mobilização, nasceu o movimento Posso me identificar?, que questionava a prática policial de atirar primeiro e perguntar depois. O movimento contou com a participação de diversas entidades e movimentos sociais, inaugurando uma articulação que mudou a compreensão acerca da violência policial e serviu de inspiração para vários coletivos de familiares que hoje estão na luta.

O Núcleo Piratininga de Comunicação foi um dos grupos que alterou sua trajetória política após a chacina.

Apesar de ter visto a notícia da Chacina do Borel nos jornais, Claudia Santiago, coordenadora do Núcleo Piratininga de Comunicação, conta que só soube a verdadeira história do que tinha acontecido quando os moradores do Borel desceram o morro e fizeram uma manifestação pelas ruas da Tijuca: “Soube o que havia acontecido porque vocês desceram o morro e passaram em frente à minha casa para contar o que tinha acontecido”.

A partir daí, ela entendeu que era preciso encarar a realidade das favelas do Rio de Janeiro e a violência policial a qual os moradores dessas localidades, principalmente a juventude negra, são submetidos.

No ano de 2004, o NPC começa a expandir seu trabalho, antes focado principalmente na formação sindical. Tem início, então, a primeira turma do Curso de Comunicação Popular do NPC, voltado para moradores das favelas e periferias. Alguns são parentes de vítimas que, assim como as do Borel, não puderam sequer se identificar.