(Luiz Carlos Antero e Rita Polli)

Foram iniciadas nesta sexta, 31 de maio, e prosseguem neste sábado, primeiro de junho, as gravações do filme “Conspiração do Silêncio”.
O filme do diretor carioca Ronaldo Duque será totalmente rodado no Pará, com locações em Belém, Icoaraci e Marituba. As filmagens devem se estender até o dia 22 de julho. A finalização está prevista para dezembro de 2002.

Elenco expressivo

O ambiente que prenuncia o início do trabalho é de ansiedade e entusiasmo motivados pela reconstituição da época – os anos de chumbo do regime militar. Nesse momento, a intensa atividade envolve o elenco e a equipe técnica na preparação das cenas de confronto entre os estudantes e a repressão política, que davam o tom da vida nas cidades para o largo contingente dos que optavam pela militância política em todo o País no final dos anos 60 e início dos anos 70. A praça Dom Pedro II, na capital paraense, reproduzirá inicialmente, nas tomadas de hoje, a uma batalha de rua entre a polícia e o movimento estudantil na Praça da Liberdade.
A simples sensação de entrar na mata mexe com as emoções dos profissionais envolvidos. Luciana, continuísta, viveu com a companheira de trabalho Mara essa experiência e a relatou para o Diário Vermelho, sublinhando o significado que acompanha o ato de ler sobre o período e reconstituir os acontecimentos da época.
Este filme sobre a Guerrilha do Araguaia reúne em Belém um elenco expressivo de atores conhecidos dos espectadores de cinema e televisão. Entre eles, estão Norton Nascimento, que incorpora o personagem Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão. Danton Mello é André Grabois (“Zé Carlos”), filho de Mauricio Grabois, ex-deputado e líder da bancada do Partido Comunista do Brasil na Constituinte de 1946 – também um dos comandantes da Guerrilha. Stephane Brodt é o Padre Chico, que, com seu testemunho sobre os acontecimentos fará um personagem central no roteiro do filme. Françoise Forton, Rosane Holland, Fernanda Maiorano e Narcisa Leão interpretam as personagens Dora, Alice, Tininha e Lúcia, mesclando personagens de ficção e guerrilheiras que se distribuíam pelos destacamentos. Roberto Bontempo é o Major Gavião.
Também atuarão William Ferreira, Rômulo Augusto, Thierry Tremouroux. Entre os paraenses, estão Adriano Barroso, Emanuel Franco e um elenco que conta com mais 96 atores, modelos e figurantes profissionais. As cenas dos conflito de rua contarão com 130 figurantes, entre estudantes da escola de teatro e atores de teatro amador. Além disso, 120 moradores de Marituba representarão a população do local onde ocorreu o conflito.
  
Origens e roteiro
  
Segundo o diretor do filme, Ronaldo Duque, história e ficção se fundem no longa-metragem, que aborda um dos episódios mais importantes da história contemporânea brasileira: a Guerrilha do Araguaia.
Centenas de depoimentos tomados nos últimos 15 anos formam o lastro do roteiro ficcional elaborado por Duque e Guilherme Reis, centrado no personagem do Padre Chico, um padre francês que viveu na região do conflito na década de 60. O diretor diz que sua intenção “não é produzir uma “versão oficial” da história, mas abordar o episódio com liberdade poética, partindo de fatos reais”.
Ele relata que teve seu primeiro contato com a Guerrilha em julho de 1977, quando desembarcou em Marabá, aos 22 anos, trabalhando como jornalista. “Contavam à boca pequena que a cidade fora tomada de assalto pelo Exército. Que muita gente foi presa, apanhou e que as praias do outro lado do rio Tocantins foram bombardeadas…”. Nos anos seguintes a história da Guerrilha tornou-se pública nas páginas dos jornais. Duque estava em Cascavel (PR) e decidiu retornar à região do conflito para fazer um documentário, iniciando a exaustiva pesquisa que daria origem ao filme.
Os primeiros depoimentos foram colhidos em 1984 – de guerrilheiros, sobreviventes, militares, advogados, historiadores e os principais protagonistas do conflito, entre eles Elza Monnerat e João Amazonas. A idéia de realizar um longa-metragem teve início há cinco anos. O roteiro de Duque ganhou o 1º Concurso de Roteiros do Pólo de Cinema e Vídeo de Brasília, além do Prêmio de Desenvolvimento de Projetos (Finep/MinC) e do Prêmio + Cinema (MinC/BNDES/Banco do Brasil).
  
O cenário e a produção
  
A partir daí, a equipe de produção passou a procurar alternativas de locação. A cidade de Xambioá (TO), uma das cidades envolvidas no conflito, já não apresentava as características da época. Goiânia, apesar da proximidade com Brasília, onde Ronaldo Duque trabalha, não oferecia locais adequados. O Pará tornou-se então a alternativa mais viável, com boas condições logísticas, regiões de mata e rio próximas da capital e apoio do governo estadual. Uma parceria entre as produtoras Ronaldo Duque & Associados, Ima – Imagens da Amazônia, Z Filmes e Asa Cinema e Vídeo viabilizou o projeto. O orçamento do longa é de R$ 2,5 milhões. Cerca de 45% desse total já foi captado pela equipe.
  
O Diretor e o apoio material
  
osé Ronaldo Lopes Duque (foto) é jornalista, diretor, produtor e roteirista de programas comerciais e documentários para cinema e televisão. Nasceu em 1954 no Rio de Janeiro. Sua filmografia inclui, entre outros trabalhos, o documentário “NO”, sobre o plebiscito chileno de 1988, premiado no Rio Cine Festival de 1989. Fez o documentário “Brinquedos, Promessas e Fé”, sobre os brinquedos populares e os promesseiros do Círio de Nazaré, vencedor do prêmio Luiz Estevão de Cultura em 1994.
Duque também assinou a produção executiva de “Janela para os Pirineus”, vencedor do Prêmio Paulo Emílio Salles Gomes, no 29º Festival de Brasília (1996), além do making of do longa-metragem “A Guerra de Canudos”, 1º Prêmio do Festival Internacional do Making Of (1997).
A produção do filme “Conspiração do Silêncio” reúne no empreendimento o Governo do Estado do Pará; o Ministério da Cultura; Secult; Companhia Energética de Brasília (CEB); Rede Celpa; Pólo de Cinema e Vídeo do Distrito Federal; Banco do Brasil; Secretaria de Cultura do Distrito Federal; Sol Informática; BNDES; Prefeitura Municipal de Marituba; Sincodiv; Lei Semear; Hotel Regente; Aclive Comunicação Visual; Loc Engenharia; Prefeitura de Paragominas; Banpará; Engeplan e Estacon.
  
Saiba mais sobre o filme através da página:  www.conspiracaodosilencio.com.br