[Por Matheus de Carvalho Leibão – Arte: @crisvector] Estamos diante de uma realidade cruel: cada vez mais, trabalhadores(as) perdem seus empregos formais (CLT) e entram em trabalhos por plataformas (Uber, 99, Ifood, Quinto Andar, etc.). Esses trabalhos não garantem nem mesmo o direito às férias e ao 13° salário, na maioria das vezes.

Sendo assim, os sindicatos perdem força e, como consequência, também perde força a comunicação sindical. Quem busca promover a comunicação popular precisa, então, de alternativas no que diz respeito a uma série de fatores. Em primeiro lugar, é necessário pensar qual tipo de mídia será tratado como prioridade.

Nas últimas décadas, diante das dificuldades financeiras que surgiram, boa parte dos canais de comunicação popular se deslocou das mídias físicas para a internet. Nesse processo, as redes sociais ganharam destaque impressionante. É difícil pensar em algum meio de comunicação popular que não tenha perfis no Instagram, no Facebook, X (antigo Twitter), ou outras plataformas parecidas.

Entretanto, o uso recente dessas mídias traz um problema: a questão do algoritmo. Quando os feeds de notícias eram organizados de acordo com a “linha do tempo”, qualquer conteúdo publicado poderia ter um alcance significativo. Bastava que ele interessasse a um número significativo de pessoas que o acessaram naquele momento em que foi publicada a postagem.

A entrada dos algoritmos nestas plataformas mudou completamente o alcance da comunicação popular. Em um primeiro momento (até a década passada, talvez), havia certo otimismo em relação ao uso da internet como ferramenta de veiculação de mídias alternativas. Hoje, esse otimismo só se sustenta se ignorarmos a realidade. Por muitas vezes, páginas com milhares de seguidores não conseguem atingir sequer centenas de interações. As plataformas, comandadas por algumas das pessoas mais ricas do mundo, estão organizadas para manter o alcance da comunicação popular o mais baixo possível.

Nesse sentido, é necessário, em primeiro lugar, que os comunicadores populares saibam do tamanho desse problema. É necessário superar o otimismo ingênuo com relação à internet. Isso não significa que devemos abandoná-la. Quer dizer apenas que precisaremos estudar as formas de reduzir as limitações impostas por Zuckerberg e companhia. Entretanto, esse estudo precisa ser contínuo, pois os algoritmos estão em constante modificação.

Outro ponto importante é o seguinte: a comunicação popular não pode ser feita apenas através de meios virtuais. Caso o uso de mídias físicas tradicionais (jornais, panfletos, revistas, etc.) seja inviável ou inadequado, é necessário pensar em alternativas. Nenhum meio pode ser descartado de cara. Um aspecto é fundamental: para que as mensagens que queremos passar adiante façam sentido, é necessária a presença dos comunicadores nos mais diversos espaços, principalmente nos espaços de contato direto com o público-alvo. Se estamos falando de um jornal de bairro, os comunicadores precisarão rodar diversas partes do território para torná-lo conhecido entre os moradores. Se estamos falando de um veículo sindical, o mesmo deve ser feito nos espaços de trabalho. O mesmo vale para os locais de estudo, etc.

A comunicação popular faz parte da luta do povo. Portanto, ela não pode ser vista como algo secundário, ou como algo separado das lutas populares. Nesse sentido, ela só se fortalecerá com o fortalecimento das lutas. E vice-versa.

[Matheus de Carvalho Leibão é aluno do Curso de Comunicação Popular. Esse texto é parte de exercício de Redação]