Sugerimos esta semana o documentário “Cruzando o Deserto Verde”, do roteirista e diretor capixaba Ricardo Sá, sobre as terríveis consequências do cultivo do eucalipto nas regiões do norte do Espírito Santo e sul da Bahia. A vilã da história é a Aracruz Celulose, que no início dos anos 2000 era a maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto. Em 2009, Aracruz Celulose e Votorantim Celulose e Papel se unem para formar outra gigante do setor: Fibria, com fábricas em Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, São Paulo e Bahia.

Em 2019, a Fibria anunciou a fusão com Suzano Papel e Celulose, tornando-se a maior produtora de celulose de eucalipto do mundo e uma das 10 maiores de celulose, além de ser líder mundial no mercado de papel.

Vale lembrar que, em abril último, cerca de 200 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam terras apropriadas pela empresa Suzano Papel e Celulose em Aracruz. Elas reivindicavam o direito de produzir alimentos na área de 8 mil hectares sob propriedade da empresa. Abordando esse tema atualíssimo, Ricardo Sá mostra como as plantações da empresa atingem os modos de vida de populações negras e indígenas, retirando-lhes o acesso à agricultura de subsistência: “Até o final dos anos 1960, o norte do Espírito Santo e o extremo sul da Bahia era uma única região, habitada por negros, índios e pequenos produtores rurais. Com a implantação do polo de produção de celulose, a região se transformou em uma grande plantação de eucaliptos, hoje conhecida como deserto verde”, conta o diretor. Outro desastre são as carvoarias, que utilizam as sobras das árvores do eucalipto como combustível para fornos nos quais trabalham crianças em condições subumanas.

Sugestão de uso: Para discussão dos prejuízos causados pela monocultura, não só ao meio ambiente, como para a cultura e sobrevivência das populações das regiões em que esse tipo de cultivo é adotado. Próprio para ambientalistas, pequenos produtores rurais e todas as pessoas e grupos interessados na preservação da natureza e no respeito às culturas regionais.

Direção: Ricardo Sá; 2002; 56 min.

Produção: Alacyr Denaday, Geise Silva, Marcelo Calazans e Daniela Meirelles.

Contato: (27) 3322-6330 (Geise)// fasees@terra.com.br