Publicado em 19.09.11 – Por CTB-RJ
A CTB do Rio de Janeiro realizou, no dia 15, o primeiro encontro de comunicação da entidade, que reuniu representantes de 16 sindicatos – alguns filiados à Central e outros na oposição. O debate focou no papel da imprensa sindical na luta pela democratização da mídia.
O presidente da CTB-RJ, Maurício Ramos, deu boas-vindas aos participantes e destacou “o esforço da Central para construir um Brasil desenvolvido e que esse debate, com certeza, vai nos ajudar a fortalecer a comunicação da CTB”.
O escritor Vito Giannotti, do Núcleo Piratininga de Comunicação, fez um quadro a atual imprensa sindical e de esquerda, que, segundo ele, não tem conseguido disputar com a mídia hegemônica. “A comunicação dos nossos partidos está muito mal. A de esquerda sem partido também está mal”. Para ele, a população, em geral, lê muito pouco, enquanto “a grande mídia ainda tem o monopólio da fala”.
Para Giannotti, a imprensa dos sindicatos ainda está pior, “as técnicas estão aí, mas são muito feios os jornais, não tem um boletim eletrônico diário. A luta sindical é imediata, mas nós queremos mais, e temos que mostrar como a comunicação pode contribuir na disputa de um novo mundo”. Sobre o papel da internet hoje, Vito disse que “não podemos ter ilusão de que um meio vai resolver nossos problemas, as redes sociais não são tudo, mas um meio. No Egito, o povo foi pra rua por causa da fome, da miséria e pelos sindicatos de luta. Não é ou jornal ou rede social, ou isso ou aquilo, é tudo isso”.
Para o secretário nacional da CTB, Eduardo Navarro, é preciso construir uma comunicação popular, tendo um arcabouço teórico. Quando penso uma comunicação de classe, penso no Marx, que teorizou sobre isso. Agora, o patrão se utiliza da comunicação como instrumento do trabalho. O capital investe em tecnologia para poder circular a mercadoria.
Para Navarro, “é preciso criar uma comunicação alternativa, que possa gerar uma comunicação de massa. Esse processo é de disputada hegemonia. Os trabalhadores precisam construir o seu processo de hegemonia, com a sociedade civil organizada, precisamos desenvolver uma comunicação classista, de forma diferenciada, alternativa”.
O último debatedor, na mesa coordenada pela jornalista Fernanda Marques, foi o jornalista e secretário estadual de Comunicação do PCdoB-RJ Wevergton Brito Lima, que abordou o histórico da mídia hegemônica, como ela atua e seu discurso monopolista, antidemocrático e de ataque aos trabalhadores e os movimentos sociais. Destacou ainda os desafios dos trabalhadores, como construir uma imprensa atraente, de fácil entendimento, mas sem perder sua postura classista. Por último, convocou a CTB e os sindicatos a formarem uma grande massa em defesa da democratização da comunicação, pressionando o governo federal para a aprovação de projetos que atuem neste sentido.
Para o secretário estadual de imprensa da CTB-RJ, Paulo Sérgio Farias, esse primeiro encontro foi importante para dar o ponta pé inicial neste debate. Agora, nosso papel é de estruturar nossa entidade para dar conta desse desafio. Para isso, levaremos esse debate para uma grande plenária com os sindicatos, de forma a dar continuidade neste tema tão necessário para o avanço das nossas lutas.