A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) definiu o tratamento dispensado por setores da grande imprensa aos debates sobre a Reforma da Previdência como leviano, parcial e, em muitos casos, flagrantemente desonesto. Em sessão na Câmara dos Deputados na semana passada, ela criticou a manipulação de dados, em especial uma matéria da revista Veja. Em reportagem intitulada A reforma que virou novela, a revista volta suas baterias contra os servidores públicos brasileiros, apontando-os como detentores de privilégios e benefícios superiores aos usufruídos por servidores de países mais ricos.
A reportagem utiliza quadros comparativos que relacionam a situação dos servidores públicos no Brasil, na Argentina, na França, na Finlândia e nos EUA. Segundo a publicação, o servidor brasileiro ganha, em média, 251% mais do que a renda per capita do país. Tomando por base apenas os servidores público federais, que recebem, em média, remunerações superiores aos estaduais e municipais, os dados do Ministério do Planejamento informam que a remuneração média mensal bruta do servidor do Poder Executivo é de R$ 1.679,00. Sobre tal remuneração incide desconto de 11% para a Previdência e 15% para o Imposto de Renda. Ao final de um ano, o servidor do Executivo terá, em média, uma remuneração total de R$ 18.132,12.
Em contrapartida, dados do IBGE revelam que o salário médio do funcionalismo público é de R$ 976,00 por mês. E números do Siape mostram que 30% dos servidores aposentados recebem menos de mil reais e 68,9% recebem menos de R$ 1,5 mil. Entre os ativos, 16,9% recebem até mil reais e 52,7%, menos de R$ 1,5 mil.