Os trabalhadores e seus conflitos tiveram destaque no cinema ao longo de décadas. De Chaplin a Godard, de Petri a Hirszman, não faltam bons exemplos de filmes sobre a causa operária. Abaixo, nossos dez (mais um!).

A Nós a Liberdade, de René Clair

Depois de escapar da prisão, homem consegue enriquecer ao vender vitrolas. Seu amigo, que continua preso, segue outro destino. Mais tarde, ambos voltam a se encontrar nesse filme de contornos mágicos.

Tempos Modernos, de Charles Chaplin

Foi acusado de plagiar o filme de Clair. Com seu Vagabundo metido em encrencas, Chaplin faz rir em meio à tragédia das linhas de montagem, da opressão do poder, e evoca o sonho de uma vida melhor.

O Preço de uma Vida, de Edward Dmytryk

O sonho, outro vez, corre pelo ralo. O homem da construção civil é corrompido pelo sistema e, antes em defesa da causa operária, passa ao lado dos patrões. Considerado um filme americano neorrealista.

Os Companheiros, de Mario Monicelli

Sob o comando do mestre da comédia à italiana, Marcello Mastroianni faz o professor embrenhado entre trabalhadores de uma fábrica têxtil. Filme extraordinário sobre a importância da consciência de classe.

A Classe Operária Vai ao Paraíso, de Elio Petri

O alienado logo percebe a enrascada na qual se meteu: sua fábrica destrói os operários. Depois de perder um dedo na linha de montagem, Lulu Massa (Gian Maria Volontè) começa a entender as engrenagens do sistema.

Tudo Vai Bem, de Jean-Luc Godard e Jean-Pierre Gorin

O quadros e cenários de Godard e Gorin em momentos assemelham-se a um teatro. Yves Montand faz um cineasta desiludido, Jane Fonda uma agitadora inflamada. É da fase mais politizada de Godard, à sombra de 68.

Norma Rae, de Martin Ritt

A protagonista, interpretada por Sally Field, faz uma operária da indústria têxtil americana. Ao perceber as injustiças de seu local de trabalho, ela une-se a um líder sindical e sua vida é colocada de cabeça para baixo.

Eles Não Usam Black-Tie, de Leon Hirszman

Da famosa peça de Gianfrancesco Guarnieri, o mestre Hirszman vai às diferentes faces da classe operária, no seio da família, com conflitos e gestos de afeto. A cena da separação dos feijões entrou para a história.

A Classe Operária, de Jerzy Skolimowski

Um grupo de operários poloneses muda-se para a Inglaterra para reformar uma casa. São liderados pela personagem de Jeremy Irons. Tudo muda quando eles não conseguem retornar ao seu país de origem.

A Fábrica de Nada, de Pedro Pinho

Uma feliz novidade vinda de Portugal. O diretor Pinho mostra a difícil rotina dos operários que descobrem o colapso da fábrica em que trabalham. Decidem se mover. Em momentos, o filme escapa a algo mágico.

E outra boa novidade recente (nossa extra) que pouca gente viu…

Em Guerra, de Stéphane Brizé

O diretor francês volta a trabalhar com seu ator-fetiche, Vincent Lindon. Como em outros filmes do realizador, eis um cinema físico, potente, sobre um grupo de pessoas em luta – ou, como se propõe, em guerra.