Na Boiuna, moradores mais velhos estão negligenciando a importância do distanciamento social. No última fim de semana, faltou água para uma localidade.

Por Amanda Soares sob supervisão de Claudia Santiago

Felipe dos Santos está em casa há oito dias. A gráfica onde ele trabalha deu férias coletivas para colaborar com o isolamento social. As únicas vezes em que ele sai de casa, na comunidade da  Boiuna, sub bairro da Taquara, é quando vai ao mercado no centro do bairro, ou para acompanhar a esposa ao ponto de ônibus de madrugada. Nutricionista, ela trabalha em um hospital público, em período de doze por 60 horas. Apesar de ser hipertensa, a direção não a liberou do serviço, nem ofereceu equipamento de proteção individual. “Ela teve que comprar por 100 reais um pacotinho de máscara.” 

Felipe mostra o lugar da casa onde agora ficam os sapatos de ir a rua: do lado de fora.

Na vila onde ele e a esposa moram, tem água e luz. Mas não é o caso para todos os vizinhos. “Tem alguns vizinhos reclamando de falta d’água no fim de semana”. A sogra de Felipe mora na mesma rua do casal. Quem faz as compras para a senhora idosa, é ele. Um exemplo, que infelizmente não tem sido seguido na região: “Quando desci de manhã, vi alguns idosos [na rua], principalmente homens. Ficam no portão, quase o dia todo, conversando.” No vídeo que ele gravou, é possível ver moradores caminhando, fazendo obra. Segundo ele, no centro comercial, não é diferente, e as pessoas têm frequentado lanchonetes e botequins, que seguem abertos.

Diferente do comércio, que segundo Felipe, obedeceu as determinações da prefeitura e estão fechados, com exceção dos serviços essenciais, como supermercados e farmácias. Os donos, segundo o morador, colocaram até avisos pedindo que mantenham distância uns dos outros “Para o bem de todos”, disse Felipe. Mas… “saindo do centro da taquara, vindo mais pra dentro, outra coisas estão abertas. Loja grande de material de construção, borracheiro, oficina mecânica, e não tem fiscalização.” O salto dos preços também chama atenção: “Um saco de laranja, que custava três reais, está a sete. Tomate, está dez reais. Verdura que custava centavos, está a dois reais.” 

O Núcleo Piratininga vai seguir compartilhando matérias sobre o dia a dia de moradores de comunidades durante a quarentena.