Publicado em 1º.03.11 – Por Vito Giannotti, no jornal Brasil de Fato

No mês da mulher, uma mulher presidenta do País, lutadora contra a Ditadura, trabalhadora, digna, feminista em sua prática de vida, vai aparecer no canal que nega toda sua vida. Dilma no programa Mais Você é uma tapa na cara à luta da mulher, à luta contra a Ditadura e à Conferência de Comunicação que mobilizou milhares de comunicadores no ano passado.  O programa da Ana Maria Braga é a negação da libertação da mulher. A negação do 8 de Março. Reafirma a cada segundo  a ideia de que lugar de mulher é na cozinha, fazendo omeletes, aprendendo  a preparar novos quitutes ou enfeitinhos da casa para o macho que está por aí, se lixando pelas comidinhas e enfeitinhos caseiros das sagradas esposas . A aula de mulherzinha alienada, idiotizada que a Braga dá a cada dia é de chorar. O mesmo pode-se dizer da visão de mulher que é afirmada, reafirmada e confirmada a cada minuto nos divertidos programas da Rede TV. Mas este é um assunto que demoraria muito.

O mais político vai na cara de quem luta pela democratização das comunicações em nosso País. Nada contra responder a uma entrevista à Globo ou outro canal. O problema é que a ida ao templo dos inimigos da Conferência Nacional de Comunicação de 2009 é jogar água no fogo aceso no coração de milhares de ativistas e lutadores de uma comunicação a serviço do povo, a serviço dos trabalhadores e das classes populares. No Brasil precisa-se de novo marco regulatório nas comunicações. As chamadas concessões públicas de rádio e TV nada tem de público, são sesmarias doadas aos donatários da Globo, SBT, Record, Bandeirantes e por aí vai.

O Brasil precisa de controle público sobre estas chamadas concessões. Precisa de canais de televisão públicos, canais nas mãos dos trabalhadores, em cada Estado. Mas, a tudo isso, a Globo da Braga responde dizendo que é intervenção, censura, ditadura.

Dilma ir fazer omelete naquele programa é legitimar a fala da Globo.  Daí a esquecer-se de que os trabalhadores precisam ter suas TVs, suas rádios, e não só comunitárias, mas grandes rádios iguais às da Globo é um passo. Aos movimentos sociais cabe lembrá-la disso nas praças e nas ruas.