(Alessandra Murteira)
Entrevista concedida nos dias 06 e 07 de julho, em Salvador, durante o VIII Congresso Nacional da Federação Única dos Petroleiros
Daniel é petroleiro da ECOPETROL, a principal estatal colombiana, fundada em 1948, após uma greve geral dos trabalhadores, exigindo a nacionalização da indústria de petróleo. Desde então, a petrolífera vem sendo alvo constante de tentativas de privatização. Daniel, assim como outros petroleiros que se mobilizam em defesa da estatal, é obrigado vez por outra a exilar-se da Colômbia. Atualmente, quatro dirigentes sindicais vivem nesta situação e outros 29 já foram presos nos últimos 10 anos. Todos acusados de impedir a privatização da Ecopetrol. Destino pior tiveram outros 100 petroleiros que perderam a vida na última década, assassinados por defenderem a petrolífera colombiana das garras das multinacionais.
Existem hoje na Colômbia cerca de 70 mil petroleiros, mas a USO representa apenas 10% destes trabalhadores. A Ecopetrol controla todas as atividades ligadas à indústria de petróleo: exploração, produção, refino, distribuição e transporte de óleo e gás. As empresas privadas para atuar no país são obrigadas por lei a se associarem à estatal, que produz atualmente 650 mil barris de petróleo por dia. Metade desta produção é destinada ao consumo interno e o restante é exportado. A Ecopetrol é a maior empresa colombiana, responsável por 35% da receita do país.
Daniel Rico também denunciou o extermínio da população colombiana praticado pela política imperialista norte-americana. “Em nome do combate ao terrorismo e ao narcotráfico, os EUA e o governo neoliberal colombiano estão assassinando mulheres, crianças, velhos e civis que nunca sequer pegaram em armas”, revelou. A cada 100 assassinatos, apenas um é investigado e 90% das vítimas são civis sem qualquer vinculação com os grupos armados. Os sindicalistas e trabalhadores camponeses são os principais alvos dos grupos paramilitares de direita, treinados e patrocinados pelo governo norte-americano. “Nos últimos 12 anos, 2.500 dirigentes sindicais foram assassinados na Colômbia. Só este ano, já contabilizamos 43 mortes de companheiros. Não me surpreenderei ao voltar e descobrir que outros dirigentes sindicais foram assassinados nesta última semana em que estou fora do meu país”, lamentou Daniel.