A TV mudou a casa, a cidade vista do alto, a vida e a alma das pessoas…
[Por Reginaldo Moraes] Nos anos 1950, casar significava “ter casa” – mesmo que fosse alugada. E ter casa significava ter cama e fogão, talvez geladeira, talvez radio. Mas em 1950 apenas uns 20% dos domicílios tinham luz elétrica. Rádio? Menos do que isso. E naquele ano nascia a TV. Alcançava distância menor do que nossas rádios comunitárias.
Em 1960 havia uns 200 mil aparelhos no país inteiro- um deles acabava de ser instalado na case de meu avô – foi a primeira TV que vi, Invictus era a marca, Tupi era o canal, Repórter Esso era o telejornal da hora, “testemunha ocular da história”. A Globo seria inventada depois do golpe militar, mas já virava o diário oficial da Ditadura. Mas não havia rede nacional – o que passava no Rio não chegava a São Paulo. Nem jogo de futebol, nem show de auditório.
Em 1970 estreava a tv via satélite, ligando todo o Brasil e transmitindo ao vivo o campeonato mundial de TV, diretamente do México. Já havia 4 milhões de aparelhos.
Nos anos 1960, quando baixava a ditadura sobre o Brasil, a TV não era a babá das crianças e o anestésico dos adultos, o pastor das almas. Mas a escalada começava. Dê uma olhada no gráfico abaixo.
E depois escute uma velha canção do Chico, de 1967 – A Televisão. Para pensar no que isso mudou a vida, o jeito das pessoas, o modo de sentir, pensar, agir. É com essa coisa que andamos brigando. Em 1920, Trotsky dizia que o partido bolchevique disputava os trabalhadores com a igreja e com a vodka, os grandes “companheiros” das classes populares. Um outro contendor entrou em cena.
A canção pode ser escutada aqui, nesta outra grande aldeia chamada Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=r7C0i2AWNxk