[Brasil de Fato] Nesta quarta-feira (8), às 19h30, o documentário Terceiro Ato será exibido no telão da Ocupação Nove de Julho, no centro de São Paulo. O espaço é um dos símbolos de resistência da cidade, da luta por moradia e dignidade. E é neste lugar que a voz do povo em Brasília, de Lula e de seus ministros será mais uma vez ecoada.
Sobre o documentário:
Ninguém imaginou que o país navegaria em mares tranquilos após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nem tão pouco se imaginaria que, mesmo após a posse oficial, em 1º de janeiro de 2023, seria gestada uma das páginas mais infelizes de nossa história.
A ideia de que se avizinhava uma posse histórica nos mobilizou para, de alguma maneira, registrar aquele evento. Chegamos na capital federal no dia 31 de dezembro e até o dia 2 de janeiro, pudemos captar o clima que preenchia as ruas de Brasília e os bastidores do Governo Federal. Os registros compuseram o documentário “Terceiro Ato”.
Desde o princípio, nosso objetivo era dar voz ao que, mesmo na véspera – e que se confirmou após a viagem do então presidente, Jair Bolsonaro (PL) para os Estados Unidos – já se convencionara chamar de uma “posse popular”.
Ouviríamos, então, pessoas que deixaram seus lares em todo o país, algumas viajaram durante dias, percorrendo até 2.000 quilômetros, para presenciar a terceira posse presidencial de Lula em Brasília.
É o caso, por exemplo, de Oziel Pereira, militante do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que deixou o Maranhão rumo à Brasília. Ou mesmo de Lenir dos Santos, também Sem Terra, que deixou o interior catarinense, em uma viagem de três dias até a capital federal.
Para além de ministros, parlamentares, pessoas ligadas ao governo federal e outras que participaram da organização da posse histórica, pudemos ouvir alguns dos personagens que entraram para a história ao entregarem nas mãos de Lula a faixa presidencial.
É o caso de Aline Sousa, catadora de Brasília, Francisco Silva, estudante e morador da Zona Leste de São Paulo e Ivan Baron, criador de conteúdo na internet sobre inclusão de pessoas com deficiência. Todos subiram a rampa do Palácio do Planalto acompanhando Lula, a primeira dama Janja da Silva e a cachorrinha Resistência.
Tudo pode mudar
O fazer jornalístico é constantemente mutável. O olhar do jornalista nunca se encerra em uma primeira olhada sobre o tema. É preciso apurar, aguardar o desenrolar dos fatos, buscar cada vez mais informação.
E foi neste processo que fomos surpreendidos por mais um momento histórico da nossa jovem República. Os bolsonaristas entrincheirados nos QG’s do Exército de Brasília – que não foram debelados a tempo – fermentaram ali uma tentativa de golpe, que chegou muito próximo de seu objetivo no dia 8 de janeiro.
Assim, o nosso registro ganhou novos contornos. O desafio agora, se tornara entrelaçar os dois principais eventos que abalaram o Palácio do Planalto em um espaço de apenas sete dias.
Como uma reação em cadeia, movimentos populares, as instituições da República, governadores de todo o Brasil e a própria presidência responderam com rapidez e firmeza à tentativa golpista.
Se encerra, então, no dia 9 de janeiro, em um grandioso ato de movimentos populares na Avenida Paulista, em São Paulo, o que também convencionamos chamar de “o terceiro ato do janeiro mais longo da história”.
Agora, esperamos que esse trabalho possa se somar aos mais diversos registros, deste que se tornou um dos meses mais longos da nossa jovem história republicana.