A obra, lançada pela editora Boitempo, apresenta uma discussão sobre o sentido da democracia e sua relação com os padrões de dominação presentes na sociedade. A ordem democrática liberal não pode ser entendida como a efetiva realização dos valores que promete. Isso porque a igualdade entre os cidadãos, a possibilidade de influenciar as decisões coletivas e a capacidade de desfrutar de direitos são sensíveis às múltiplas desigualdades e diferenças que existem na sociedade. Porém, tampouco pode ser lida segundo a crítica convencional às “liberdades formais” e à “democracia burguesa”, que a apresenta como mera fachada desprovida de qualquer sentido real. Assim, a democracia não é um ponto de chegada. É um momento de conflito entre aqueles que desejam domá-la, tornando-a compatível com uma reprodução das diferenças sociais, e quem, ao contrário, pretende usá-la para avançar no combate às desigualdades. Portanto, o conflito na democracia é um conflito também sobre o sentido da democracia. Isto é, sobre o quanto ela pode se realizar no mundo real como projeto emancipatório e o quanto as instituições vigentes contribuem para promovê-la ou para refreá-la.