[Rosângela Ribeiro Gil – NPC/SP] Em tempos brasileiros e mundiais tão conturbados, perigosos e estranhos, importante assistir ao filme “Dunkirk”, do diretor britânico Christopher Nolan. A película, que ainda está em cartaz em várias salas no País, apresenta episódio verídico acontecido em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial.
O cineasta é primoroso num roteiro que não privilegia este ou aquele personagem, por isso mesmo, do meu ponto de vista, consegue trazer a dimensão de um drama vivido por mais de 400 mil soldados ingleses e franceses, “encurralados” pelas tropas alemãs na cidade portuária no norte da França, Dunkirk. Apesar de 77 anos distantes, o filme tem uma força gigante de mostrar os horrores de uma guerra. E isso sem mostrar sangue, pernas ou braços decepados. Minha professora de inglês Lynne Reay Pereira contou-me que o avô materno dela foi um dos soldados ingleses resgatados: “Quando foi tirado de Dunkirk ele estava apenas com roupa de baixo e bota.”
Em reportagem do El País, o soldado britânico Ken Sturdy, também resgatado de Dunkirk, hoje com 97 anos, nos ensina ao falar do filme: “Estava lá novamente. Vi meus antigos amigos, e muitos morreram na guerra.” Ao contar isso, chorou e indagou: “Por que os seres humanos fazem coisas incríveis e outras tão estúpidas?” Para quem ainda não assistiu ao filme, ele ensina: “Não compareçam ao cinema só por entretenimento. Pensem.”.