Jornalista fala sobre os limites da profissão na cobertura no front e conta de forma franca detalhes pouco conhecidos do público.
[Da Redação / apublica.org] Acreditar que o jornalista “vai impactar o mundo” com seu trabalho é “uma balela”, afirma o jornalista Yan Boechat em entrevista à convidada da Pública, Adriana Carranca, colunista de O Globo. “Eu acho que os jornalistas, em alguns momentos, assumem esse papel por uma questão de vaidade”, avalia Boechat.
Com 20 anos de experiência e passagens pela Gazeta Mercantil, Valor Econômico, IstoÉ e portal IG, Boechat já esteve no Afeganistão, Ucrânia, Congo, Egito, Líbano, Venezuela, Angola e, agora mais recentemente, Iraque e Síria. Segundo ele, em ambiente de guerra, seja ele qual for, o jornalista “é instrumento de propaganda”.
Para ele, seu papel como jornalista serve de registro histórico. “Não tenho a menor expectativa de que fazer uma matéria possa gerar algum impacto na opinião pública, que vai gerar algum impacto em quem tem poder para parar o conflito. Acreditar nisso é falar que todos os outros repórteres antes da gente, que fizeram coberturas maravilhosas, falharam. Então, acho que é uma visão romântica e muito vaidosa da nossa profissão.”
Realizada na Casa Pública, no Rio de Janeiro, a entrevista abriu a exposição de fotos “A Batalha por Mossul”, cidade onde Boechat passou sete meses acompanhando a guerra entre o Estado Islâmico e as forças armadas iraquianas.