De 1939 a 1942, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) utilizou uma “verba secreta” para pagar subvenções mensais a cerca de 12 jornais do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul e Bahia. A revelação foi feita em 2000, pelo ex-diretor-administrativo do DIP, o jornalista Licurgo Ramos da Costa, e divulgado pela primeira vez agora. Morto em julho de 2002, aos 97 anos, Licurgo foi testemunha de várias fases da máquina de propaganda ideológica que enaltecia os feitos do Estado Novo e zelava pelo culto à personalidade do presidente e ditador Getúlio Vargas (1882-1954).

Conforme o “Valor Econômico”, Ramos da Costa era o responsável pela distribuição da verba destinada por Vargas a “auxiliar nas dificuldades financeiras” de empresas jornalísticas. Licurgo, que manteve em seu poder os recibos de pagamentos, rubricados pelo então diretor-geral do DIP, Lourival Fontes, calculou o montante em cerca de US$ 30 mil mensais, em valores da época. De acordo com o “Valor”, as subvenções variavam de 25 a 100 contos de réis, sendo a maior parte destinada aos Diários Associados, então comandados por Assis Chateaubriand. Licurgo contou que o “Correio da Manhã”, por exemplo, só aceitava receber anúncios do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e de órgãos da administração federal, além de editais e mensagens oficiais.