Em 27 de março, foi lançado no Rio de Janeiro o “Expresso”. É a nova publicação da “Infoglobo”, que também publica “O Globo”, “Extra” e “Diário de S. Paulo”. Em formato tablóide e com tiragem inicial de 100 mil exemplares, a campanha de lançamento da publicação tem o slogan “Direto ao que interessa”. E não é à toa. Segundo seus editores, é “um jornal para as classes C e D”. Ou seja, pessoas com renda familiar entre um e três salários mínimos (R$ 350 a R$ 1.050). Um público que lê muito pouco. No Jornal “O Globo” do dia 28 de março, a notícia que anuncia a criação do “Expresso” afirma que nessa faixa populacional de 45% a 69% das pessoas não lêem jornal. Seriam mais de 3 milhões de potenciais leitores.
Mas para transformar o que é potencial em realidade, o “Expresso” tem formato e distribuição adaptados a seu público-alvo. São 32 páginas e preço de R$ 0,50 por exemplar. Circula de segunda a sexta-feira em todo o Rio. Mas, a distribuição terá como prioridade a Baixada Fluminense, a Zona Oeste, Leopoldina e a área da Central do Brasil.
Do ponto de vista do projeto editorial, a publicação prioriza o texto simples e direto. Letras em tamanho adequado “para a leitura em transportes coletivos”. Muitas imagens e gráficos. A pauta também é diversificada, com ênfase em cidade, polícia, economia popular, TV, lazer e esporte. E, o mais importante, segundo o editor do “Expresso”, Marcelo Senna, o novo jornal vai “usar o conteúdo das demais publicações da ‘Infoglobo’ com alguns temas diferentes, como uma seção que mostra quais os produtos que estão mais baratos na feira”. Ou seja, o objetivo é “traduzir” a linha geral da empresa para as camadas com menor acesso à informação impressa. Ao mesmo tempo, atender algumas demandas ignoradas pela grande imprensa.
A “Infoglobo” afirma que cerca de 50 mil exemplares foram vendidos em todo o Estado do Rio no primeiro dia de circulação do “Expresso”. Um número muito bom para uma primeira edição.
Enquanto isso, a esquerda mal consegue falar entre si, quanto mais com a grande maioria do povo. Mais uma lição de disputa de hegemonia vinda do inimigo de classe.