Marinete Franco e Claudia Santiago: saudade e resistência no IV Festival da Comunicação Sindical e Popular. Fotos: Jéssica Lene e Elisângela Leite.
“Um dia para refletir, debater e celebrar a comunicação sindical e popular e temas correlatos. O papel desta comunicação e das lutas que a envolvem na transformação da realidade da classe trabalhadora, do país e do mundo”, assim o jornalista Hélcio Duarte descreveu o 4º Festival da Comunicação Sindical e Popular organizado pelo Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), na Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro.
Logo pela manhã Sandra Quintela e Gorete Gama, do Jubileu Sul, deram aula pública com o tema “Mulheres na luta por reparação das dívidas sociais”. Na parte da tarde aconteceram mais quatro mesas.
Foto: Elisângela Leite, SINTUFRJ
Apoiaram o Festival e participaram com barracas de divulgação e materiais a ABI (Núcleo de Comunicação Popular e Comunitária), Sinpro-RJ, AduniRio, Adufrj, Asduerj, Sinttel-RJ, Sindpetro-NF, Sintufrj, Senge-RJ, Sisejufe-RJ, Sepe-RJ, Sindct, Fundação Dinarco Reis, Ocupação Vito Giannotti, Muca, Coletivo Foto Guerrilha, MCP, Central de Movimentos Populares, Intervozes, Brasil de Fato, CUT-RJ, Mônica Cunha (PSOL), Bem TV, TV Comunitária do Rio de Janeiro e Fundação Rosa Luxemburgo.
Mídia e cidade em disputa
A segunda mesa do dia teve como tema “Mídia e cidade em disputa” e recebeu a companheira Daniela Araújo, jornalista, aluna do NPC, participante da Bem TV e subsecretária das culturas de Níterói, e os companheiros Pedro Barreto, professor da UFF e autor do livro “Notícias da pacificação: outro olhar possível sobre uma realidade em conflito”, e Kleber Mendonça, também professor da UFF e “A “pacificação” dos sentidos: mídia e violência na cidade em disputa”.
Foto: Elisângela Leite, SINTUFRJ
Homenagem a Vito Giannotti
Foto: Elisângela Leite, SINTUFRJ
O evento é realizado nesta data como homenagem ao metalúrgico, escritor e histórico profissional e militante da comunicação sindical e popular Vito Giannotti, falecido há oito anos, no dia 24 de julho de 2015. Ao lado de Claudia Santiago, companheira de vida e de luta, Vito fundou, nos anos 1990, o Núcleo Piratininga de Comunicação.
A data ganhou o simbolismo de Dia da Comunicação Popular na cidade do Rio de Janeiro a partir de 2017, dois anos após a sua morte. O projeto aprovado na Câmara dos Vereadores foi uma iniciativa do então vereador Renato Cinco. No ano seguinte, por iniciativa do então deputado estadual Eliomar Coelho, o Festival entrou para o calendário oficial do Estado do Rio de Janeiro (Lei n. 7854/2018).
“PL das Fake News” em debate
Uma das rodas de conversa do dia teve como tema o “PL das Fake News: o que eu tenho a ver com isso?” e discutiu sobre a lei que pretende regulamentar plataformas digitais no país e ainda sobre o uso das redes sociais pela mídia alternativa e tradicional.
Jaqueline Deister, repórter do Brasil de Fato RJ e coordenadora da Agência Informativa Pulsar Brasil, programa da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc Brasil), participou ao lado de Viviane Rosa, jornalista e coordenadora do Intervozes, e Adílson Cabral, professor da UFF. Segundo Jaqueline, um dos principais desafios para os comunicadores populares é levar esse debate para a população em geral com uma linguagem acessível.
Adilson Cabral coordena um grupo de pesquisa sobre a emergência dos processos de comunicação popular que visa trabalhar de forma multifacetada tanto em relação à academia, quanto em relação à sociedade e aos elaboradores das leis.
Para a coordenadora executiva do Intervozes, Viviane Rosa, se tornou comum “se informar pelas redes sociais, por isso é preciso avançar no debate, não só para a regulação, que é o que o PL diz, mas também sobre quebra de monopólios digitais”.
Durante a roda de conversa, outro tema debatido foi a sustentabilidade dos veículos de comunicação popular. De acordo com Jaqueline, é “mais do que necessário ampliar a articulação e o debate em cima de temas que são caros”.
Já quase no fim da tarde, os pesquisadores Gabriel Nunes e Gizele Martins apresentaram o projeto do Dicionário de Favelas Marielle Franco para o público presente.
Roda de conversa sobre comunicação e democracia nas favelas e periferias
A última roda de conversa do dia teve como tema Comunicação e democracia nas favelas e periferias do Rio de Janeiro. Para debater esse tema, juntamos Ana Leone, militante da Unegro de Caxias e comunicadora do programa Antenada com Ana Leone da Rádio Ativa de Duque de Caxias; Davi Amen, do instituto Raízes em Movimento; Carol Vaz, do jornal O Cidadão; Hélio Euclides, do jornal Maré de Notícias; Tatiana Lima, do jornal Fala Roça e do Rio On Watch; e Inessa Lopes, do jornal Voz das Comunidades e moradora do morro do Chapadão.
Para a direção do Sisejufe, foi um prazer e uma honra participar desse evento que dialoga com diversos outros sindicatos e associações que têm em comum a defesa dos direitos dos trabalhadores.
A presidenta Eunice Barbosa e a diretora Lucena Pacheco fizeram questão de também prestigiar o evento. “É um momento em que a nossa Comunicação se encontra com a Comunicação das demais categorias de trabalhadoras e trabalhadores. Consideramos importante unir as pautas, procurar essa unidade na luta. Unidade, principalmente, na forma de comunicar nossas lutas entre nós, entre as categorias e com a população. Essa troca é muito enriquecedora”, afirmou Eunice.
Ao longo do dia, espalhados pela Cinelândia, houve exposição dos trabalhos produzidos pelas diversas entidades, roda de debate sobre temas ligados à comunicação popular e sindical, sobre democratização da comunicação e sobre fake news, música e muita troca.
Lucena Pacheco comentou: “O Festival do Núcleo Piratininga de Comunicação traz essa possibilidade de diálogo, troca e aprendizado entre todos e todas. É muito enriquecedor trazer esse olhar para a nossa comunicação, também”.
Tais Faccioli, assessora de imprensa do Sisejufe há 8 anos e admiradora do trabalho desenvolvido pelo NPC, afirmou: “O Festival de Comunicação do NPC cumpre, a cada edição, o objetivo de mobilizar os veículos da mídia alternativa, os sindicatos e movimentos sociais para chamar a atenção da população para temas importantes que exigem reflexão e debate, como o combate às Fake News. As rodas de conversa ao ar livre em plena praça da Cinelândia, onde acontece o festival, também são uma estratégia interessante para envolver o público que passa pelo local. Para o Sisejufe, participar do evento foi uma oportunidade incrível de apresentar os materiais produzidos pela comunicação da entidade e, de alguma forma, dialogar com a população e com as entidades parceiras sobre as pautas prioritárias do serviço público. Que venha a próxima edição e vida muito longa ao NPC! Que ele siga promovendo e difundindo a comunicação popular e, assim, levando informação a todo mundo.”
Para Xico Teixeira, conselheiro da ABI, esse olhar para a comunicação popular é necessário e muito bem-vindo. Por isso, a atual gestão da ABI, inclusive, está tentando implementar na casa um Núcleo de Comunicação Popular e Comunitária: “Com a ajuda da Cláudia Santiago, iniciamos as conversas, já fizemos algumas reuniões e estamos caminhando nesse sentido. Queremos muito que esse Núcleo seja, em breve, uma realidade, na ABI. Acho que todos temas a ganhar com isso”, enfatizou Xico.
O professor Afonso Celso Teixeira, da direção do SINPRO-Rio, também analisa a parceria com o NPC com fundamental para a boa comunicação do Sindicato dos Professores: “Quando a gente tem a possibilidade de conversar com outras equipes de comunicação e com outras entidades da sociedade civil que podem dialogar é, claro, muito bom. E a comunicação efetiva é isso: ela tem que chegar a todo mundo e de forma simples, direta. É isso que o NPC nos mostra que é possível.”
Para Maria dos Camelôs, dirigente do MUCA, participar do Festival é uma forma de mostrar às pessoas toda a luta e atuação dos camelôs, no Rio deJaneiro: “Pra gente, é a oportunidade de fazer um debate com a sociedade, de falar e mostrar as coisas que acontecem com o nosso povo trabalhador, com o trabalhador informal. É a oportunidade de levar a luta dos camelôs pra mais gente.”
Participaram da cobertura: Jéssica Lene, Mariana Pitasse, Dani Maia, Flavia Olaz, Caio Bellandi, Hélcio Duarte, Ana de Angelis, Eliane Oliveira, Adriana Medeiros, Aneci Palheta.
Para saber mais detalhes, acesse as outras coberturas feita por quem esteve presente:
. Sintufrj no festival de comunicação para a classe trabalhadora – Sintufrj
. A Equipe do SINTIFRJ esteve no 4º Festival da Comunicação Sindical e Popular – SINTIFRJ