Por Claudia Santiago, maio de 2004
É impossível, para muitos, se esquecer de duas fotos feitas durante a Guerra do Vietnam. A da menina pegando fogo, incendiada por bombas de napalm, em 1973. O Estados Unidos negavam para o mundo todo o uso deste gás proibido. E a do general do Vietnam do Sul, 1968, que atirava, à distância de dez centímetros, no ouvido de um prisioneiro vietgong. Um dos métodos usados para obrigar para obrigar os prisioneiros comunistas a falar. Tortura mortal.
Essas fotos mobilizaram milhões pelo mundo afora em gigantescos atos contra a invasão americana no Sudoeste Asiático, de 68 a 73. Em 2004, a história se repete. No final de abril, a crise interna nos Estados Unidos estourou quando a mídia publicou as fotos dos caixões, cobertos pela bandeira do país, dos soldados mortos pela resistência iraquiana. Foi chocante demais para os estadunidenses ver que seus invencíveis rambos também morriam.
Mas essa crise foi só uma pequena insônia. O que virou pesadelo foi, logo a seguir, no mês de maio, as fotos de americanos torturando, humilhando e fotografando prisioneiros que invadiram o mundo. Quem sabe essas fotos não venham a ter o mesmo papel daquelas duas da Guerra do Vietnam. Oxalá! Os tempos são outros, é verdade. Mas as semelhanças simbólicas são fortes.