De uma vergonha a “matéria” do jornal O GLOBO do dia 19/4/2006 na editoria de Inter sobre a Bolívia. Chamada alarmista, notícia que não agrega nenhum valor, feita para aquele leitor que quer passar o tempo. Segundo o diário conservador carioca, o “presidente Evo Morales já se encontra sob fogo cruzado de diversos setores da sociedade boliviana”.
A frase segue um padrão pateticamente reconhecível da imprensa mundial: personificar excessivamente o líder (presidente, em vez de “governo boliviano”, tal como seria mais razoável); alarmar para uma falsa crise, com propósitos secundários; generalizar a crise com a expressão “diversos setores”, quando que apenas alguns segmentos que naturalmente reagiriam a um governo popular estão reclamando; supor que na democracia não existem disputas, negociações de interesses, e dizer então que esta natural disputa é um “fogo cruzado”; falar sobre uma situação supostamente séria, mas não explicar nada sobre o assunto, levando mais confusão ao leitor (“onda de protestos regionais e sindicais”).
Enfim, a grande imprensa cansa a inteligência da população pensante. Recomendo não usar muito durante a semana. Não é bom pro fígado.
(Por Gustavo Barreto. A notícia está reproduzida abaixo)
Morales enfrenta protestos na Bolívia
Judiciário, sindicatos e autonomistas entram em choque com governo
LA PAZ. Três meses após assumir o governo da Bolívia, o presidente Evo Morales já se encontra sob fogo cruzado de diversos setores da sociedade boliviana. Ontem, Morales enfrentava uma onda de protestos regionais e sindicais e desentendimentos com o Poder Judiciário por questões salariais. A situação pode se agravar no fim da semana se a greve geral convocada pela Central Operária Boliviana conseguir uma ampla adesão e paralisar o país.
O presidente trocou acusações com o líder do movimento autonomista do departamento (estado) de Santa Cruz, Germán Antelo. Para este, o governo não vem dando a devida atenção a seu departamento e ao de Tarija, que pleiteiam maior liberdade de ação em relação a La Paz. Segundo o presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz, Morales trata as duas regiões “com a antiquada visão centralista” de governos passados. Morales respondeu acusando as autoridades dos dois departamentos de promoverem a autonomia. O vice-presidente Alvaro Garcia Linera viajará a Santa Cruz para tentar resolver as divergências.
Além disso, Morales entrou em rota de colisão com os juízes bolivianos, que o acusam de se intrometer nas atribuições do Poder Judiciário e rejeitam um plano de austeridade do governo que inclui corte de salários.
— Alguns poderes do Estado, como o Judiciário, ainda não entenderam como realizar uma revolução cultural e democrática no país — criticou o presidente.
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