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[Por Carolina Fasolo/ Cimi] O Grupo Bandeirantes de Comunicação vai responder a uma ação judicial por ter veiculado, em rede nacional, duas reportagens com conteúdo discriminatório e informações distorcidas sobre os conflitos fundiários no sul da Bahia. As matérias responsabilizavam chefes do povo Tupinambá de Olivença por diversos crimes, inclusive a morte de um agricultor. Também acusavam os indígenas de invadir fazendas, ameaçar e expulsar moradores. O processo pede o direito de resposta da comunidade, pois entende que o grupo de comunicação deslegitimou a luta dos indígenas pela demarcação de seu território, já reconhecido pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Entenda o caso

Em 2009, a Funai publicou o relatório que delimitou a Terra Indígena Tupinambá de Olivença em cerca de 47 mil hectares, abrangendo partes dos municípios de Buerarema, Una e Ilhéus, sul da Bahia. Mas o processo não andou. Nos dias 25 e 26 de fevereiro as reportagens foram ao ar, logo após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, desuspender as reintegrações de posse em sete áreas localizadas na terra Tupinambá.  “Após todos esses anos, o mesmo povo, que vem lutando para não ser dizimado, sofre perseguição midiática, sendo taxado de terrorista, criminoso, assassino e estuprador, como se nota nas reportagens aqui questionadas. O judiciário não pode quedar-se inerte ante esse atentado aos direitos dos povos indígenas, muito menos ante as falsas informações injuriosas, caluniosas e de má fé do canal de televisão réu, numa tentativa de jogar a sociedade contra aqueles que foram acossados, perseguidos e mortos em função da gana de não-indígenas pela terra naquela região, historicamente habitada pelo Povo Tupinambá”, afirma a ação.