[Ana Flávia Magalhães Pinto no Instagram] Em 1899, muito provavelmente, Theophilo Dias de Castro, por acreditar no que ele e seus pares tinham feito, enviou um exemplar do jornal “O Progresso – Orgam dos Homens de Cor” de São Paulo para a redação do jornal “O Paiz”, no Rio de Janeiro. O exemplar foi incorporado ao acervo do periódico, que tempos depois foi recolhido na Biblioteca Nacional. Entre tantas páginas, a reprodução de “O Progresso” foi parar num rolo de microfilme, mas sem ser identificado. Duas décadas atrás, fui surpreendida com a imagem da capa enquanto insistia em acreditar que encontraria outro exemplar do primeiro jornal da imprensa negra paulista que se tem notícia “A Pátria – Orgam do Homens de Cor”, de 1889. Desde que me encontrei naquela imagem microfilmada, pouquíssimas pessoas tiveram acesso à totalidade do conteúdo de “O Progresso”. Muita gente achava que eu me referia ao jornal de mesmo nome que foi editado por Lino Guedes a partir de 1928. Mas não, ele era o ponto de referência para desmontar vários mitos e apagamentos referentes ao século 19 mesmo!

Eis que essa semana, fui à Biblioteca Nacional, como diretora-geral do Arquivo Nacional, abrir um dia de atividades da oficina da Unesco sobre candidaturas para o Programa Memória do Mundo e o Marco Lucchesi, presidente da BN, me convida para uma conversa em seu gabinete. Num diálogo despretensioso, esse assunto encontrou espaço. E o resultado é essa superação de lacuna, com força de reparação histórica, sobre a qual a jornalista e inspiração Flavia Oliveira (@flaviaol no instagram) fala em sua coluna hoje em “O Globo”. O mais incrível é isso acontecer no mês e no ano em que a Imprensa Negra no Brasil completa 190 anos! Há quem acredite em coincidências, eu prefiro ir por outro caminho que articula força ancestral e sintonia entre esforços e projetos!