Por Alessandro dos Santos (04.12.2006)
No encontro do NPC, a emoção e a fraternidade também estiveram presentes. Convidados de diversas regiões do país, muitos pela primeira vez no curso, interagiram em harmonia como se já se conhecessem há muito tempo.
Como o caso de Vinícius Mansur, assessor de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Comunicação Pública de Santos, SP. “O curso é importante para discutir uma comunicação de esquerda, e o espaço de informação”, afirma. Para ele, o debate sobre comunicação é central como mais uma arena das disputas de classes.
Opinião semelhante também é da professora e coordenadora do Curso de Serviço Social da Suam e diretora do Conselho Regional de Serviço Social (RJ), Lúcia Soares, que destacou o bom conteúdo apresentado.
“O conteúdo do curso vai servir no dia-a-dia para pautar nas atividades e estratégias que se voltam para melhorar a visibilidade da categoria”, explica Lúcia, pela primeira vez no curso.
A alegria, o desabafo, o lamento, protestos e a solidariedade foram temáticas dos quatro dias do encontro. O entrosamento dos participantes também esteve presente nas músicas. Hinos do repertório socialista deram o tom do encontro.Mas foi com as modas de viola, tiradas por Mário Camargo do Núcleo, que com a simples frase “Chega para cá”, foi atraindo outros participantes para formar um grupo musical que despertou a sensibilidade da platéia.
As homenagens também tiveram presentes e ao som da viola de Mário, o coordenador do NPC Vito Giannotti foi envolvido pelos integrantes do NPC que cantavam “Quem te ensinou a nadar, quem te ensinou a nadar peixinho…” e terminaram com a cantiga italiana “Bella Ciao”, e um abraço no mestre.
Para mim, um dos momentos mais marcantes aconteceu durante os debates do dia anterior. O índio pataxó, do Movimento Tamoio, Karay Tupã,foi questionado por um participante se perdoaria o homem branco pelos crimes cometidos contra o povo indígena. A resposta do nativo da terra, como gosta de ser chamado, foi um cântico Pataxó.
O cântico entoava pelo auditório em melodias doces e em palavras de difícil entendimento. Mas não era para ser compreendido e, sim ser sentido. Logo, pôde ser ouvido palmas, primeiro em um canto, depois em outro e em poucos segundos por toda a sala.
A magia daquele momento foi contagiando e mãos foram unidas. As palavras foram saindo dos lábios dos presentes e todos cantavam com palmas e gestos marcando o ritmo entoado pelo guerreiro pataxó que só no fim revelou o que dizia a letra: “Vamos nos unir, vamos ser irmãos, vamos preservar a nossa natureza”.
Alessandro dos Santos é estudante de Comunicação. Participou do 12º Curso Anual do NPC como convidado por ter se destacado durante o Curso de Comunicação Comunitária. Publicamos aqui suas impressões sobre o curso. Elas sintetizam muito do que nós, organizadores, sentimos sobre este curso.