Por Gabriel Priolli
Receber informação, atualmente, é a coisa mais fácil do mundo. Difícil é saber o que está acontecendo e, principalmente, quem informa.
O jornalismo jorra de todas as partes, de todas as mídias. E nunca tantas pessoas foram tão ignorantes do que se passa, e tão perdidas nos caos informativo, como agora.
A velha mídia, ou grande imprensa, tem culpa nisso, porque perdeu em substância o que ganhou em sectarismo, em obsessão pelo pensamento único.
A nova mídia, ou blogosfera, também tem responsabilidade, porque é boa em dar opinião, mas ainda é ruim em produzir notícia e reportagem.
Mas a velha e a nova mídia são dois campos da produção jornalística muito bem definidos, com marcas e personagens bem conhecidos. O público sabe perfeitamente quem são e de que lado estão.
O maior problema é o jornalismo subterrâneo, apócrifo. Esse que exibe uma profusão de marcas, mas não diz o nome de quem o oferece ao distinto leitor.
Tente encontrar nomes, nesses sites que infestam as suas redes sociais. Não importa a coloração política, tente saber quem responde por eles.
Click Política, Diário do Brasil, Folha Política, O Brasil Online, Brasil Verde e Amarelo, Pensa Brasil, Folha Digital, Blasting News, Jornal do País, Falando Verdades, Gazeta do Internauta, Verdades Ocultas – a lista é interminável e estes são apenas alguns exemplos.
Quem edita essas páginas? Que apito ele toca? O que come, como vive, o que faz?
Você não verá no Globo Repórter. Para encontrar indícios, tem de pesquisar muito na internet.
Nomes mesmo é quase impossível encontrar, mas você vai descobrir que um dos sites é editado no Arizona, outro pertence a um grupo italiano e outro é hobby de um advogado especializado em direito previdenciário.
De direita, de esquerda, do alto ou de baixo, todos esses sites têm algo em comum, além do anonimato: a desatenção aos fundamentos do jornalismo.
Quase sempre deixam de responder alguma das perguntas básicas do texto informativo – o que aconteceu, onde, quando, com quem, como e por que.
Quando reproduzem informações de terceiros, seja da grande imprensa ou da blogosfera, alteram manchetes, para apimentá-las. Interpretam o conteúdo de forma distorcida. Fazem simplificações grosseiras.
Não têm a mais remota preocupação em checar nada, antes de mandar a informação adiante como verdade comprovada.
Mas também podem narrar fatos reais, e produzir análises relevantes – sem que o leitor possa distinguir o que é trigo e o que é joio.
E segue em frente esse angú desinformativo, internet adentro, diretamente para o papo de incontáveis patos amarelos ou vermelhos, que engolem qualquer coisa e compartilham sofregamente, nas redes sociais.
Isso não é bom para ninguém. Não pode ser bom.
O Brasil não sairá da crise profunda em que atolou sem debate político sério, que exige informação de qualidade, para opiniões bem fundamentadas.
Livrar-se do jornalixo e restaurar o culto à verdade dos fatos, por incômodos que eles sejam, é uma providência mínima de quem ainda acredita em convivência democrática.