[Por Raquel Junia] Os exemplares de Vozes das Comunidades circularam rapidamente pelo público presente. Entre eles, 27 alunos do curso Comunidades 2008, os próprios construtores do jornal que ainda não o tinham visto pronto. Na capa, a foto de uma moradia precária, um barraco, com os dizeres: “Ainda existe um lugar assim no Rio de Janeiro”. A chamada se referia à matéria feita por Gizele Martins, aluna do curso, sobre a Comunidade de Mandacaru, na Maré, região onde mora.

No dia 25, sábado, foi o encerramento do Curso Comunidades. Além do lançamento do jornal, os alunos participaram de uma aula sobre a luta dos trabalhadores do Brasil, com Vito Giannotti, principalmente sobre a resistência no período da ditadura militar. Depois, realizaram um programa de rádio ao vivo, com a presença da convidada Márcia Jacintho, da Rede de Movimentos e Comunidades contra a Violência. Márcia foi entrevistada pelos alunos no programa de rádio Na Boca dos Outros, criado pelos alunos, e contou sobre a sua luta para fazer justiça ao filho e também outros jovens vítimas da violência policial.

O encerramento contou ainda com a exibição de um filme, no qual os alunos dão depoimentos sobre o tema amizade, e a entrega dos certificados aos 22 estudantes que assistiram a pelo menos 70% das aulas.

           

“O jornal trouxe pontos de vista que você não vê expostos em outros meios, trazidos por pessoas que não estão geralmente como formadoras de opinião”, comentou o aluno José Carlos Bezerra. Ele foi um dos responsáveis pela diagramação do jornal.

           

Para Jéssica Santos, também aluna do curso, as aulas possibilitaram mais que um ensino técnico, também a formação política e o conhecimento de realidades diferentes.  “Tive contato com temas que não tinha antes. Me marcou muito esse contato com as pessoas, por exemplo, com pessoas que moram nas ocupações urbanas, do MST, da Maré e poder aprender com a realidade delas”.

           

O curso teve duração de seis meses com carga horária de 80 horas/aulas. A iniciativa é do Núcleo Piratininga de Comunicação em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo, que forneceu as condições financeiras para que o curso possa acontecer. Também foram parceiros nesse ano o Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-RJ) e o Sindicato dos Engenheiros (Senge – RJ), que emprestaram a infra-estrutura para realização das aulas.

           

“Aprendi coisas que não tinha aprendido nos quatro anos de graduação. Aprendi, principalmente, a ter confiança em meu texto”, falou Katarine Flor, também aluna do Comunidades e jornalista de formação. Ela diz que pensa em trabalhar mais na área de comunicação comunitária.

           

“O curso me deu mais vontade de continuar uma militância por um mundo melhor”, concluiu Jéssica. Exemplos não faltaram, os alunos saíram do encerramento com um panfleto com a história da atuação da revolucionária Rosa Luxemburgo. Rosa foi uma das pessoas que lutaram por uma sociedade igualitária.